Título: Autonomia do BC fica para o futuro
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2005, Economia, p. B4

Na mesma reunião no Palácio do Planalto que decidiu, na noite de quinta-feira, as medidas na área de câmbio anunciadas ontem pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o governo sepultou a idéia de enviar ao Congresso, este ano, o projeto de autonomia do Banco Central. "O governo não vai mandar esse projeto. Não está nem na mensagem presidencial", disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, porém, vinha trabalhando para criar um clima favorável à idéia. Quarta-feira, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) promoveu um jantar de Palocci com senadores de seu partido e se propôs a apresentar, ele mesmo, um projeto de sua autoria para iniciar as discussões o quanto antes. "O Ney se entusiasmou demais", disse Mercadante. "O Palocci não tem compromisso com essa proposta." Ficou acertado que será promovido um ciclo de debates no Senado para conhecer experiências de outros países com seus bancos centrais.

Mercadante participou da reunião no Planalto, na qual também estavam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente, José Alencar, os ministros Palocci e Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, o presidente do BC, Henrique Meirelles, além de ministros da área política.

Entre as medidas para facilitar as exportações, além das mudanças no câmbio, discutiu-se a possibilidade de usar os aeroportos do Galeão (RJ) e de Confins (MG) para instalar fábricas de produtos destinados a exportação, nas quais os controles aduaneiros seriam simplificados. Alencar voltou a criticar os juros e defender um corte drástico. Mercadante defendeu acordos com os setores mais oligopolizados para tentar conter a inflação, abrindo espaço para reduzir a taxa Selic.