Título: Base de acordo com a UE está definida
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/03/2005, economia, p. B11

O Brasil e a União Européia (UE) entram em um acordo sobre a base que servirá de ponto de partida para a retomada das negociações entre o Mercosul e o bloco europeu. Ontem, o chanceler brasileiro Celso Amorim e o comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, acertaram que os debates serão reiniciados no final do mês entre técnicos e terão como base as melhores ofertas de liberalização já realizadas entre os dois blocos nos últimos meses de negociação. Uma reunião ministerial ainda será anunciada para abril. Mandelson, porém, deixou claro em declarações ao Estado que não pretende por enquanto fazer uma nova proposta de abertura no setor agrícola. "Minha idéia é de que devemos partir das melhores ofertas já existentes."

A idéia de Bruxelas, portanto, anula em parte o que foi decidido em uma conferência entre os dois blocos em Lisboa em outubro. Ficou estabelecido, na época, que diante da impossibilidade de fechar o acordo em 2004, as negociações deveriam ser retomadas em 2005 com base nas últimas ofertas, que eram bem mais limitadas que as que existiam em maio. "Aquele era um piso, que agora queremos elevar", afirmou Amorim.

O chanceler, apesar de concordar com a idéia de Mandelson, alerta que as melhores ofertas entre os dois bloco nunca foram materializadas, mas apenas indicadas quando o ex-comissário de Comércio da UE Pascal Lamy,passou pelo Brasil no primeiro semestre de 2004.

Na ocasião, a oferta incluía cotas mais generosas para alguns produtos agrícolas nacionais, embora ainda longe de serem ideais. Os europeus ainda se queixam de que o Brasil reduziu suas ambições na abertura de seu mercado para produtos industriais e mesmo em setores como de serviços.

O chanceler ainda revelou que a UE indicou que quer transformar o Brasil em um "parceiro estratégico", elevando a importância política do País em Bruxelas. "Temos um interesse estratégico em um acordo com a Europa."