Título: Partidos formam blocos para manter poder
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Nacional, p. A4

PFL aposta em novas filiações para não perder o posto de terceira maior bancada na Câmara dos Deputados BRASÍLIA - Em meio à disputa pela presidência da Câmara, os partidos correm para aumentar o tamanho de suas bancadas de deputados e, dessa forma, conquistar o comando de comissões permanentes da Casa. Depois do PT, que na semana passada avisou que pretende formar um bloco parlamentar para não perder a posição de maior partido da Câmara, agora é a vez de o PFL, hoje com a terceira maior bancada de deputados, se movimentar para não ser rebaixado no ranking da Câmara. As novas filiações ao PFL estão sendo lideradas pelo prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, em contraponto ao ex-governador Anthony Garotinho, que levou sete deputados para o PMDB, passando a bancada de 77 para 84 deputados, na semana passada, e ameaçando a supremacia do PT, que conta com 90 deputados. Até segunda-feira que vem, dia 14, o PFL quer ter em seus quadros, pelo menos, 65 deputados - atualmente são 62. Um dos que podem migrar para o PFL é o deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), candidato derrotado à Prefeitura de Niterói, e ex-adversário político do prefeito.

O ingresso de Moreira no PFL ficou mais fácil depois que o líder eleito do partido e filho do prefeito, deputado Rodrigo Maia (RJ), começou a namorar uma enteada do peemedebista. Decidida a não perder espaço na Câmara, a cúpula do PFL não poupa esforços para manter em seus quadros o ex-líder do partido e atual primeiro vice-presidente da Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), que anunciou na semana passada sua filiação ao PMDB. "Acho que muitos deputados querem que o Inocêncio permaneça no PFL", disse ontem o ainda líder pefelista e candidato à presidência da Câmara, José Carlos Aleluia (BA).

Formalmente, Inocêncio ainda não se desfiliou do PFL e a cerimônia que iria marcar seu ingresso no PMDB foi adiada para depois do carnaval. O articulador para manter o deputado na legenda é o senador Marco Maciel (PFL-PE). Na semana passada, Maciel passou a madrugada de terça para quarta-feira tentando convencer Inocêncio a ficar na legenda.

Para que a bancada do PFL fique com 65 deputados e o partido possa continuar tendo o direito de presidir duas comissões permanentes da Câmara, a cúpula pefelista já pediu a três deputados que estão em cargos nos Estados ou municípios que reassumam suas cadeiras esta semana na Câmara. "Com a volta desses secretários, vamos facilmente atingir os 65 deputados", afirmou Aleluia.

BLOCO

A preocupação do PFL cresceu depois que o PC do B, PDT, PSB, PV e PPS anunciaram que pretendem criar um bloco parlamentar, no dia 14, que contará com 69 deputados. O bloco passará a ser a terceira força na Câmara, posição hoje ocupada pela bancada pefelista. "Não estamos com medo desse bloco porque ele prejudica muito o governo. E duvido que o governo permita esse bloco", disse o líder pefelista.

O aumento das bancadas dos partidos não interfere na composição da futura Mesa Diretora da Câmara, que será eleita no dia 14 de fevereiro. Os cargos de cada partido na Mesa já estão definidos com base no tamanho da bancada em 15 de dezembro de 2004. Como maior partido, o PT continua com direito de indicar o presidente da Casa e o escolhido pela bancada é o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP).

Mas, apenas no dia da eleição é que a maioria dos partidos governistas e de oposição fechará o apoio ou não a Greenhalgh. O líder do PSDB, deputado Custódio Matos (MG), afirmou que a tendência do partido é votar em Greenhalgh.