Título: Vacina antiaids ainda deve levar 5 anos
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Vida, p. A7

Previsão é da Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo diante dos novos testes realizados pelo mundo GENEBRA - Apesar de um novo teste de uma vacina contra a aids ter sido anunciado ontem na Índia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) descarta qualquer possibilidade de que um produto chegue ao mercado nos próximos cinco anos. "O mais plausível seria pensar em uma comercialização de uma vacina em dez anos", afirmou Marie-Paule Kieny, coordenador da iniciativa da OMS para as pesquisas sobre vacina. "Ainda estamos testando conceitos sobre o que funciona e o que não funciona", disse. Para os especialistas, a iniciativa na Índia é um "sinal positivo" e deve ser acompanhada com atenção. Mas o que deixa a OMS cautelosa é o fato de que os dois maiores testes já realizado até hoje terem fracassado. Um deles ocorreu nos Estados Unidos, enquanto o segundo foi realizado na Tailândia. Uma terceira prova já foi iniciada também na Tailândia em 2004 com 16 mil pessoas, mas um resultado somente será conhecido em 2008.

O primeiro teste de um vacina contra a Aids ocorreu em 1987 e, desde então, 70 tentativas foram realizadas, todas sem sucesso. Na semana passada, especialistas de todo o mundo se reuniram na cidade de Montreux, na Suíça, para debater como fortalecer uma cooperação nas pesquisas. O objetivo era acelerar o processo por meio de um acordo sobre uma estratégia internacional. Segundo a OMS, várias tentativas terão de ocorrer de forma simultânea em vários locais do mundo para garantir que uma vacina seja descoberta.

Segundo a agência de saúde da ONU, os vários testes são necessários já que o HIV não conta com apenas uma forma de transmissão, o que poderia resultar em mutações do vírus. A OMS defende um maior números de testes na África, onde existem 25 milhões de pessoas infectadas pela doença, 65% do número total de contaminados por HIV no mundo. Entretanto, apenas quatro dos 70 testes já realizados desde 1987 ocorreram no continente africano. No caso da Índia, o teste iniciado ontem é considerado como essencial para identificar as reações naquela população.

A OMS também alerta que mesmo que uma nova vacina seja descoberta, ela ainda estará longe de ser completamente segura. Marie-Paule Kieny acredita que a primeira geração do produto dará uma proteção de apenas 30% a 50% para a população. "Só depois é que poderemos realizar novas pesquisas e chegar a ter um índice de proteção de 90%, como as demais vacinas que existem para outras doenças", completou a especialista.

GENÉRICO CUBANO

Cuba anunciou ontem "resultados relevantes" em 2004 com a aplicação de anti-retrovirais genéricos de produção nacional. Os medicamentos teriam apresentado "qualidade semelhante" à de outros remédios fabricados em países industrializados, afirmou Jorge Pérez Avilda, diretor do hospital do Instituto de Medicina Tropical Pedro Kourí.

Além dos medicamentos de fabricação nacional, o país importa outros sete fármacos contra a aids, como parte de um programa de cooperação financiado pelo Fundo Mundial de Luta Contra a Aids, Tuberculose e Malária, da ONU.