Título: Condoleezza inicia em Paris o degelo das relações
Autor: France Presse, AP e Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Internacional, p. A9

PARIS - A visita hoje de Condoleezza Rice a Paris, depois de um giro por outros países da Europa e do Oriente Médio, onde deverá se encontrar com o presidente Jacques Chirac e seu ministro do Exterior, Michel Barnier, é um passo concreto no degelo das relações entre Paris e Washington, abaladas pelas divergências sobre a guerra no Iraque. Uma segunda etapa do degelo está prevista, ainda este mês, com as reuniões já agendadas, na Europa e nos Estados Unidos, entre Chirac e o colega americano, George W. Bush.

Hoje, em Paris, Condoleezza pretende marcar sua primeira visita à capital francesa como responsável pela diplomacia americana com um toque universitário, tendo optado por falar no Instituto de Ciências Políticas, a famosa "Sciences Po", escola formadora da elite dirigente do país.

É na "Harvard francesa" que ela irá expor as linhas da nova diplomacia americana, falando para o país que mais combateu a invasão do Iraque.

SEGURANÇA EXTREMA

Desde domingo, as salas e o anfiteatro do Instituto de Ciências Políticas de Paris, na Rue Saint Guillaume, em Saint Germain de Prés, têm sido vigiadas pelo serviço de segurança da embaixada americana em Paris. O local está sendo passado pelo pente fino, segundo revela o próprio diretor, Richard Descoings: "Minha escola foi transformada numa verdadeira bolha de segurança."

As equipes de segurança diariamente fazem um exame minucioso do percurso, no interior da escola, por onde a nova secretária de Estado deverá transitar. Os 6 mil estudantes, que ocupam diversos imóveis da escola, atualmente em período de exames, facilitam a tarefa dos agentes de segurança. Os 550 convidados especiais, devidamente triados, deverão chegar entre 15h30 e 16h30, pois fora desse horário as portas estarão fechadas e só reabertas no fim.

Segundo ainda o diretor da Sciences Po, o dispositivo é muito mais rigoroso do que o adotado durante a visita do ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, há dois anos, quando foi batido o recorde de presença, 1.500 estudantes convidados.

PLATÉIA SELETA

Desta vez, os 550 convites têm sido muito disputados, mesmo porque a embaixada dos EUA reservou 400. O que sobrou será dividido entre pesquisadores e estudantes. A decisão do local foi feita pela própria Condoleezza, pois havia outras opções - o Instituto do Mundo Árabe e o Instituto Francês de Relações Internacionais.

Mas a nova secretária de Estado finalmente decidiu falar sobre as novas relações transatlânticas na "Harvard francesa", mesmo que professores e alunos sejam fortemente minoritários no anfiteatro.