Título: Para analistas, dólar voltará a ganhar força em breve
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Economia, p. B1

Muitos analistas apostam que o fim da pior fase do dólar, que já dura três anos, está próximo. A recuperação da cotação do dólar em relação a várias moedas do mundo, registrada desde o início do ano, pode ser duradoura, dizem alguns economistas. Desde 31 de janeiro, o dólar teve valorização de 6,3% em relação à moeda européia, que fechou ontem cotada a US$ 1,27. Desde 2002, a moeda americana caiu 40% em relação ao euro e 25% ante o iene. No Brasil, o dólar caiu 23% em relação ao real desde 20 de maio do ano passado, quando começou a tendência de queda que dura até hoje. Poucos economistas se atrevem a decretar o fim da trajetória de queda do dólar, mas muitos acreditam em um futuro mais promissor para a moeda americana.

O destino do dólar começou a mudar na sexta-feira, depois do discurso otimista do presidente do Fed (o banco central americano), Alan Greenspan, sobre o déficit em conta corrente dos Estados Unidos, e o comentário da China na reunião do G-7 - o país declarou que não tem pressa para mudar sua política cambial.

Esses dois acontecimentos ajudam a dissipar algumas das preocupações que vêm impulsionando a queda do dólar: o risco do déficit em conta corrente e do orçamento dos EUA, e a ameça de a China deixar sua moeda se valorizar, o que derrubaria o dólar ainda mais.

"É preciso ser cauteloso, mas acreditamos que a cotação do dólar tenha chegado no fundo do poço", disse Kikuko Takeda, analista de câmbio do Bank of Tokyo-Mitsubish. Analistas acreditam que o dólar vá chegar, em breve, ao nível de US$ 1,26, o mais valorizado desde o meio de outubro.

O dólar vem se desvalorizando por causa das preocupações sobre a capacidade dos EUA de financiarem seu déficit em conta corrente. Analistas ficaram mais calmos depois dos comentários de Greenspan na sexta-feira. O presidente do Fed afirmou que as forças do mercado e uma política fiscal americana mais austera devem reduzir o déficit comercial dos EUA. Em seu discurso de novembro, Greenspan havia dito que os EUA deveriam reduzir seu déficit orçamentário para proteger sua economia de uma diminuição inevitável do apetite de investidores estrangeiros por dólares. Ontem, o presidente americano, George W. Bush, propôs um orçamento austero.

Além disso, a China deu um alívio, ainda que temporário. Havia expectativas de que os chineses poderiam anunciar mudanças em sua política cambial durante a reunião do G-7. Por enquanto, a China afastou essa possibilidade.