Título: Câmbio estimula viagens aos EUA
Autor: Daniel Hessel Teich
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Economia, p. B1

Com a valorização do real em relação ao dólar, embarques de brasileiros para os Estados Unidos aumentaram em mais de 25% A baixa do dólar nos últimos dois meses já começa a surtir efeito no mercado de turismo brasileiro. A Travel Industry Association of America (TIA), entidade que reúne as empresas da indústria de turismo americanas, revisou para cima suas previsões para o crescimento no embarque de brasileiros para os Estados Unidos por causa da desvalorização da moeda americana. "Em outubro, estimávamos um crescimento de 15% para 2005. Agora, já estamos revendo esse número para algo em torno de 25% a 30%", diz o diretor da organização para a América Latina, Luiz Moura. As estatísticas relativas a 2004 não foram fechadas, mas a entidade calcula que, no ano passado, 400 mil brasileiros viajaram aos Estados Unidos. Neste ano, o número deve ficar em 500 mil visitantes. O cenário otimista toma como base o crescimento em novembro e dezembro, de 23% comparado ao mesmo período de 2003.

"Os Estados Unidos voltam a ganhar fôlego como destino turístico com o dólar mais baixo. O preço das passagens aéreas não muda tanto, mas em compensação as despesas com alimentação e hospedagem ficam bem mais baratas quando comparadas à Europa, por exemplo", explica Moura. "Ainda não temos os números de dezembro e janeiro, mas pudemos notar que é sensível o aumento na procura por vôos nas empresas aéreas americanas", afirma o diretor da TIA.

A United Airlines, que realiza dois vôos semanais entre Rio e São Paulo e Chicago e Washington, está voando com seus aviões praticamente lotados. "No ano passado, nossos vôos tinham 86% de ocupação. Este ano registramos 92%, um número excepcional", explica Josué Meza, diretor do escritório da empresa no Brasil. Se a tendência se mantiver, a empresa estuda até colocar aviões de mais capacidade nas rotas brasileiras. Atualmente, a United usa em seus vôos para o Brasil Boeings 767 com capacidade para 196 passageiros.

As agências que priorizam o mercado nacional também sentem os efeitos do dólar mais baixo. Na CVC, a maior operadora de turismo brasileira, os pacotes internacionais correspondem a apenas 20% do faturamento. Mas nem por isso a empresa deixa de comemorar a desvalorização do dólar. "A hora de vôo dos aviões fretados é calculada em dólar e 80% do nosso negócio está escorado nesse tipo de vôo", explica Valter Patriani, vice-presidente comercial da CVC.

Segundo ele, com a cotação mais baixa é possível repassar a diferença para o pacote e ter preços mais competitivos. "Pacotes para Porto Seguro, que custavam R$ 550 no ano passado, são vendidos por R$ 500, graças à queda no custo do fretamento", diz Patriani. O mesmo deve acontecer com relação ao aluguel de um navio que a CVC pretende manter na costa brasileira durante todo o ano. "Estamos montando uma estrutura de preços bem competitiva e a desvalorização do dólar tem sido muito importante nessa estratégia."