Título: É acordo bilateral ou Alca, diz Allgeier
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Economia, p. B3

Para alto funcionário, proposta de acordo Mercosul-EUA não é aceitável WASHINGTON - O vice-representante de Comércio da Casa Branca (USTR), Peter Allgeier, disse ontem que o recente encontro entre o chefe do USTR e futuro vice-secretário de Estado, Robert Zoellick, e o chanceler Celso Amorim, em Davos, foi muito positivo. Porém, adiantou que o desejo manifestado pelo Brasil de buscar um acordo bilateral Mercosul-EUA não é aceitável. Segundo o alto funcionário, o Brasil terá de escolher entre negociar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), nos moldes já definidos, ou negociar um acordo bilateral nos moldes do acordo que o governo Bush fez com o Chile.

Allgeier retomará este mês as consultas sobre a Alca com o co-presidente brasileiro do grupo, Adhemar Bahardian, em reunião prevista para o fim deste mês em Washington. Segundo ele, a prioridade da política comercial americana é hoje a Rodada Doha. Ele acrescentou que as propostas de redução dos subsídios agrícolas que o presidente George W. Bush enviou ao Congresso ilustram a disposição da administração de confrontar o problema que até agora foi o maior obstáculo para o avanço da rodada global.

Na verdade, o compromisso de redução inicial de 20% dos subsídios a que se chegou em julho de 2004 na Organização Mundial do Comércio é mais ambicioso do que a proposta de Bush, que prevê um corte inicial de apenas 5%. Mas Allgeier deixou claro que o progresso em Doha não dependerá apenas das ofertas que a União Européia e o Japão fizerem em agricultura. Pesarão, também, as propostas de liberalização dos quatro grandes países em desenvolvimento do acordo global - China, Índia, Brasil e África do Sul. Para Allgeier, as ofertas não agrícolas sobre acesso a mercado para bens industriais e serviços que o Brasil fez até agora em Genebra são "desapontadoras".