Título: Levy discute acordo do Brasil com o FMI
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Economia, p. B3

Secretário visitará o Fundo Monetário e o Tesouro americano na semana que vem WASHINGTON - As conversas que, segundo fontes da Fazenda, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, terá esta semana no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, em Washington, provavelmente ajudarão a definir os parâmetros da relação entre o Brasil e o Fundo depois do acordo em vigor desde setembro de 2002, que termina no mês que vem. Mas não se espera nenhum anúncio, adiantou ontem o FMI. Em suas declarações públicas mais recentes sobre a possível renovação do acordo e a forma como isso aconteceria, o porta-voz do FMI, Thomas Dawson, reiterou que a decisão cabe ao governo brasileiro e o Fundo aguardará a decisão de Brasília. Pessoas familiarizadas com os entendimentos até agora adiantaram, porém, que o FMI não é indiferente quanto aos caminhos possíveis que as autoridades brasileiras escolherão.

Um deles seria o de simplesmente deixar o acordo expirar e voltar a ter a relação normal de país membro. Neste caso, o País voltaria a receber as visitas anuais ou bianuais de avaliação da saúde das finanças nacionais feita pelos economistas da instituição em todos os países afiliados à organização.

Um caminho diferente seria manter um arranjo mais formal, parecido com o que está em vigor, pelo qual o Brasil continuaria a ter - em tese - acesso a uma linha de crédito do Fundo para eventuais emergências, mas sob o compromisso de não usá-la, e continuaria a receber visitas trimestrais.

"Ninguém no FMI admitirá isso, mas a preferência é claramente pela segunda alternativa ou por algo semelhante, que preserve os canais formalmente abertos e um regime de consultas freqüentes", disse uma das fontes. A razão é que o FMI é credor de US$ 26 bilhões do Brasil e o País é maior devedor individual da organização.

Declarações que o vice-diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Charles Collyns, fez na semana passada em Brasília sublinharam a disposição do Fundo a estender um arranjo que mantenha as duas partes em constante diálogo.

Durante a reunião dos ministros das Finanças do G-7 (grupo dos países mais ricos do mundo), no fim de semana, em Londres, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, também deu sinais de que pretende manter uma relação próxima com o Fundo, mas não esclareceu o formato em que isso se dará. Esta seria, agora, a tarefa de Levy em Washington.