Título: Espanador e fantasia disputam as plumas
Autor: Ana Paula LacerdaMarina Faleiros
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2005, Economia, p. B6

Enquanto a lantejoula dependeu por muito tempo do carnaval para sobreviver, os produtores nacionais de pluma nem conseguem atender à demanda do material na festa de Momo. A fazenda Aravestruz, uma das maiores do País, fornece cerca de 200 quilos de penas de avestruz por mês, as mais usadas nas alegorias do carnaval. Desse total, porém, apenas 500 quilos por ano vão para a folia. A venda fica focada nos fabricantes de espanadores, que fazem produtos para uso doméstico, e aparelhos eletroeletrônicos . Para suprir a demanda nacional, a grande maioria das plumas é importada, principalmente da África do Sul, maior produtor mundial de avestruz. Só da Klein Karoo, maior fazenda daquele país, o Brasil importa de 12 a 20 toneladas por ano, conforme a demanda. O preço desse material varia entre R$ 60 e R$ 600 o quilo. Já as plumas brasileiras têm um preço menor, de R$ 50 a R$ 200 o quilo, variando de acordo com a qualidade.

Uma ala carnavalesca com 100 foliões, por exemplo, chega a utilizar até 10 quilos de plumas. Para garantir matéria-prima com melhores preços para as fantasias e evitar uma compra muito grande das importadas, que são mais caras, muitas escolas fazem parcerias com criadores.

Iara Mazeto, conhecida como Iaiá da Mocidade Alegre, comanda uma ala na escola e conta que compra muitas plumas nacionais, principalmente da região de Mogi das Cruzes, onde o Sebrae apóia o desenvolvimento da estrutiocultura - nome dado aos produtores do avestruz. "Fizemos um curso e nós mesmos pintamos as plumas", conta.

O Brasil tem um plantel de 200 mil aves, que produzem principalmente carne - uma ave tem em média 25 quilos de carne, vendida no varejo por R$ 60. Outro produto bastante valorizado é o couro, que inteiro chega a custar R$ 1,2 mil a peça.