Título: Petistas querem retorno de Dirceu à coordenação política
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2005, Nacional, p. A4

O PT vai intensificar a pressão para retomar o Ministério da Coordenação Política, hoje dirigido por Aldo Rebelo, do PC do B. Em reunião sigilosa na noite de domingo, em Brasília, os ministros petistas José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo), Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e o presidente do PT, José Genoino, decidiram apresentar a proposta ao presidente Lula. O nome que será sugerido a Lula é o do próprio Dirceu. Ele diz estar "muito bem" na gerência do governo, mas os ministros do PT avaliam que, com a base aliada estraçalhada - e com problemas na montagem dos palanques estaduais para o projeto de reeleição de Lula, em 2006 -, a articulação do Planalto com o Congresso precisa voltar para suas mãos.

Pela proposta, Dirceu não acumularia as funções com a Casa Civil, desmembrada desde janeiro de 2004, quando Rebelo entrou no governo. Se a idéia for acatada por Lula, o nome citado para "gerentão" da equipe, no lugar de Dirceu, é o do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS). "Ciro é excelente: pode trabalhar em qualquer pasta. É mesmo um curinga", definiu um ministro que participou do encontro de domingo.

Uma semana depois de Lula irritar-se com Sílvio Pereira, secretário-geral do PT, por defender publicamente a mudança da articulação política -, os ministros do partido voltam à carga nos bastidores. Os petistas também se mostram preocupados com a "qualificação" dos ministérios, principalmente da Saúde e da Previdência.

Acham "difícil" a situação do companheiro de partido Humberto Costa, da Saúde. Pesam contra ele a morte de crianças indígenas por desnutrição na região de Dourados (MS), a falta de remédios contra a aids e as brigas internas na pasta. Pela primeira vez o PT admite ceder a Saúde para um partido aliado, mas Lula ainda não bateu o martelo.

Na Previdência, o governo está para lá de descontente. Não há reunião do núcleo palaciano que não fale no aumento do rombo na pasta e na "falta de pulso" do ministro Amir Lando, que deve sair. A equipe econômica cobra dele providências para coibir fraudes na concessão de benefícios. A dúvida de Lula é se deixa o PMDB indicar outro nome para a pasta - o senador Romero Jucá, por exemplo - ou se a entrega para um novo aliado.