Título: EUA acham absurda acusação de italiana de que tentaram matá-la
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2005, Internacional, p. A22

O governo dos EUA classificou ontem de "absurda" a acusação da jornalista italiana Giuliana Sgrena de que soldados americanos tentaram matá-la sexta-feira, quando os seqüestradores a libertaram depois de um mês de cativeiro. "É um absurdo afirmar que nossos soldados dispararam deliberadamente contra civis", reagiu o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan. A jornalista disse que se transformara num alvo das tropas americanas porque os EUA se opõem a qualquer tipo de negociação com seqüestradores iraquianos. O comentário dela ocorreu em meio a temores de que o incidente no qual morreu Nicola Calipari, veterano funcionário da inteligência italiana, possa abrir uma fenda nas relações entre os dois países.

Repetindo promessa feita por telefone pelo presidente George W. Bush ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, McClellan assegurou o incidente será investigado minuciosamente. O resultado será remetido a Berlusconi. "Temos boas relações com o governo da Itália e o presidente considera o primeiro-ministro italiano um bom amigo", insistiu. O porta-voz ressaltou que o trajeto de Bagdá ao aeroporto é a via mais perigosa do Iraque. "Foi local de vários atentados suicidas, com carros-bomba", lembrou. "Freqüentemente, nossos soldados devem tomar decisões em milésimos de segundo", disse, para alegar que o motorista do automóvel de Giuliana dirigia em alta velocidade e não atendeu a várias advertência dos soldados para parar. A jornalista contesta essa versão, afirmando que o automóvel ia a baixa velocidade.

O resultado de investigações preliminares de juízes italianos não contém ainda evidências para sustentar as acusações de Giuliana de que foi vítima de uma tentativa de assassinato. Mesmo assim, Berlusconi insistiu junto à Embaixada dos EUA em Roma que lhe dê logo um amplo esclarecimento.

Em meio às controvérsias, uma multidão consternada, calculada em 100 mil pessoas, tomou o centro de Roma para acompanhar o sepultamento do corpo de Calipari com honras de Estado.

Por sua vez, o governo da Bulgária também está fazendo pressão sobre os EUA para que esclareçam a morte em "fogo amigo" de um de seus soldados na sexta-feira. Gurdi Gurdev, de 23 anos, participava de uma patrulha no sudeste do Iraque alvejada acidentalmente pela artilharia americana.

VIOLÊNCIA

Em Bagdá, as forças americanas confirmaram a morte de 32 pessoas ataques rebeldes nas cidades de Balad e Baquba, no chamado triângulo sunita. Pelo menos 15 pessoas morreram num atentado com carro-bomba em Balad, e 17 numa série de combates e explosões em Baquba.

Ainda ontem, o empresário jordaniano Ibrahim al-Maharmeh, seqüestrado sábado, foi solto depois que sua família pagou um resgate de US$ 100 mil.