Título: FMI anuncia início de negociação 'técnica'
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2005, Economia, p. B3
O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou ontem que vai manter negociações "de nível técnico" com o governo da Argentina nas próximas semanas. "Foi acertado que o próximo estágio no diálogo será manter encontros adicionais de nível técnico em Washington nas próximas semanas", disse o Fundo numa nota emitida depois do encontro no qual o ministro da Economia, Roberto Lavagna, fez um resumo a executivos do Fundo, incluindo o diretor-gerente Rodrigo de Rato, sobre o resultado da oferta para reestruturação da dívida de US$ 103 bilhões. O atual acordo de crédito entre a Argentina e o FMI, de US$ 13 bilhões, está suspenso desde agosto de 2004. A missão de Lavagna é reatar as relações com o organismo financeiro. A agenda de Lavagna em Washington previa para ontem à noite um encontro com o secretário do Tesouro dos EUA, John Snow. Em entrevista à imprensa, o secretário-assistente para Relações Públicas do Tesouro, Rob Nichols, disse que Snow vai perguntar a Lavagna sobre o resultado da reestruturação da dívida, condições econômicas gerais do país e os planos econômicos do governo.
À imprensa argentina, Lavagna declarou que as negociações do governo do presidente Néstor Kirchner com o FMI "não são um jogo de futebol". Além dos encontros com Rato e com Snow, o ministro se reuniu ontem com o diretor do Departamento Ocidental do FMI, Anoop Singh. Porta-vozes do Fundo afirmaram que as reuniões foram "frutíferas e cordiais" e nas próximas semanas seriam realizados encontros técnicos em Washington. Os encontros serviriam para iniciar o descongelamento de relações.
A Argentina tem pressa em obter um novo acordo com o FMI, já que precisaria de refinanciamento para pagar os pesados vencimentos de US$ 13,5 bilhões que possui com os organismos internacionais de crédito. O ministro levou à capital americana o trunfo de ter conseguido uma adesão de 76,07% para a operação de reestruturação da dívida pública com os credores privados. A administração Kirchner espera que o governo americano e o FMI anunciem oficialmente uma posição sobre o resultado da adesão dos credores.
Mas, o cenário é complexo, já que tanto o FMI como os governos dos países do G-7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo) fizeram pressões para que o governo argentino inclua os credores que não aceitaram a troca de títulos velhos, em estado de calote, pelos novos, reestruturados. Estes credores possuem o equivalente a 23,93% dos títulos antigos, o equivalente a US$ 19,2 bilhões.