Título: Perdas atingem também o interior de São Paulo
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2005, Economia, p. B6
A seca que ameaça quebrar a safra 2004-2005 chegou ao interior de São Paulo. Nos municípios da divisa com o Paraná, a estimativa é de perdas de até 70% da produção, principalmente de soja e milho. As últimas chuvas no interior paulista foram registradas em janeiro, mas o veranico de 40 dias que se seguiu prejudicou as plantações. Os prefeitos de Iepê, Nantes, Taciba e Rancharia decretaram estado de emergência. As perdas atingem de 50% a 70% da soja em Nantes e de 30% a 70% em Iepê. Segundo o prefeito Faiad Habib Zakir (PPS), os produtores vão demorar quatro anos para recuperar o prejuízo.
As perdas nos municípios paranaenses chegam a R$ 1,1 bilhão, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura. Algumas regiões estão sem chuva significativa desde novembro. A Defesa Civil estuda a decretação do estado de emergência em mais 25 municípios.
No último levantamento do Deral, a soja tinha a maior quebra, com 16,2%. A produção seria de 12,4 milhões de toneladas, mas baixou para 10,4 milhões. Só na soja, o prejuízo deve chegar a R$ 912 milhões. O milho deve ter quebra de 3,92% da previsão inicial de 7,1 milhões de toneladas.
O município de Bom Jesus do Sul, a 610 km de Curitiba, é um dos mais atingidos. Para o prefeito Paulo Deola, o problema maior está no fornecimento de água. A prefeitura instalou caixas no alto dos morros para socorrer os moradores da área rural. A água é coletada em riachos distantes e servida em pouca quantidade só para a subsistência das famílias.
Em Santa Catarina, o governador Luiz Henrique da Silveira tenta enfrentar a mais forte estiagem dos últimos 30 anos com a compra de um avião Navajo. A idéia é borrifar água potável dentro de nuvens em formação para provocar chuva. Ontem, ele se reuniu com o engenheiro Takeshi Imai, responsável pela tecnologia que provocar chuva artificial quatro vezes na última semana no oeste do Estado.