Título: Bilhete único vai passar por auditoria
Autor: Carla Miranda e Moacir Assunção
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2005, Metrópole, p. C3

O setor de transportes vai passar por um raio X. Serão realizadas três auditorias pela Secretaria Municipal de Transportes. A primeira, já em curso, vai analisar a qualidade da frota de São Paulo. A mais esperada, no entanto, é a da conta-sistema, que arrecada todos os recursos obtidos com as tarifas de ônibus. "Necessitamos de uma instituição idônea, isenta e qualificada", disse ontem o secretário Frederico Bussinger. Um dos motivos para esta auditoria é a saída automática de R$ 30 milhões da conta-sistema para a SPTrans. A justificativa seria o pagamento de retiradas de capital da empresa para o sistema. Técnicos vão checar a veracidade dessa informação.

A última auditoria vai analisar a segurança de operação do bilhete único. "Há denúncia de fraudes, mas consideramos o sistema seguro. A auditoria será feita para nós e a população sabermos a real situação dos transportes."

ESTUDOS

Secretário de Transportes na gestão Marta Suplicy, Jilmar Tatto nega que o sistema de ônibus tenha sido mal realizado e diz que a necessidade de ajustes já havia sido identificada. "Ele não teria concluído esse trabalho em dois meses", alegou Tatto. "Fizemos a parte mais difícil: tirar 230 linhas de circulação em um só dia e colocar o bilhete único nas ruas."

A assessoria técnica da gestão passada mostrou planos para algumas das linhas citadas por Bussinger como sobrepostas a outros itinerários. A mudança dependeria de ações como abertura ou construção de terminais de transferência, o que só ocorreu neste ano.

Os assessores informam, por exemplo, que a decisão sobre a linha Mangalot-Praça Ramos só poderia ser tomada após a abertura do Terminal Lapa, que ocorreu em 22 de janeiro, após uma avaliação de demanda. A sobreposição entre as linhas Jardim Jaciara-Terminal Santo Amaro e Jardim Capela-Terminal Santo Amaro seria avaliada após a construção do Terminal Campo Limpo, o que não ocorreu.

"Íamos fazer a racionalização do sistema e manter o bilhete único. E não aumentaríamos a passagem ", disse Tatto. "Não somos contra cortar linhas. Eles só têm de fazer direitinho."