Título: Iraquianos rejeitam eleição em seu país
Autor: Vera RosaEnviada Especial
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2005, Nacional, p. A5

PORTO ALEGRE - No dia das eleições no Iraque, o Fórum Social Mundial anunciou uma marcha global contra as guerras, em especial naquele país do Oriente Médio, dia 19 de março. Uma das principais causas de protestos no fórum, a situação do Iraque foi debatida ontem por dois militantes e um sindicalista iraquianos, que criticaram a eleição organizada pelos americanos. "Não acredito que a situação em meu país vá mudar porque essa não é uma eleição em que os iraquianos estejam representados e nem em que possam votar livremente", disse Ismaeel Dawood, da organização Al-Masala, que defende a mobilização política da sociedade civil do Iraque como forma de resistir à ocupação.

Dawood explica que o país está à beira de uma guerra civil entre sunitas e xiitas. Essa guerra, acusa o ativista, é fomentada pelos americanos como uma forma de dividir o Iraque. "Enquanto não for possível começar um diálogo interno que hoje não existe no país e montar um processo eleitoral democrático comandado pelos iraquianos, essa não será uma eleição real e representativa", disse.

O sindicalista Assam Yuma, chefe do novo sindicato dos petroleiros criado depois da queda de Saddam Hussein, diz que não é contra as atuais eleições e acha bom que os iraquianos possam sair para votar. "É um novo estágio, um passo a mais para longe do antigo regime." Mas ele afirma que, como todos os iraquianos, quer ver os americanos longe do Iraque.