Título: Detectores vão prever incidência de raios no interior
Autor: Chico Siqueira, especial para o Estado
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2005, Vida, p. A9

Aparelhos foram instalados em fase de teste em 5 cidades paulistas e poderão ajudar população a se prevenir contra tempestades ARAÇATUBA - Pela primeira vez o Brasil tem detectores para prever a incidência dos raios. Eles foram instalados em cinco cidades paulistas - Ourinhos, Bauru, Marília, Botucatu e Novo Horizonte - para auxiliar 120 cientistas de sete países - Alemanha, Brasil, França, Itália, Rússia, Suíça e Inglaterra - que realizam pesquisas em Araçatuba sobre os efeitos nocivos das descargas na camada de ozônio e na saúde das pessoas. Mas também poderão ajudar na prevenção contra tempestades e raios, que matam cem pessoas por ano no País. Os aparelhos foram desenvolvidos pela Universidade de Munique e estão em fase de testes. Ficarão no Brasil até maio, quando serão levados de volta à Alemanha para se verificar seu desempenho, como a eficiência na localização da descarga nas nuvens e na terra. Mas acordos estão sendo discutidos para que o Brasil possa reinstalá-los em definitivo em regiões de maior ocorrência de tempestades.

Os equipamentos funcionam em antenas de 30 metros de altura, com ajuda de aparelhos de GPS. Com auxílio de radares, indicam a localização das descargas nas nuvens, anunciando a intensidade da tempestade. Detectam a descarga e sua progressão, discriminam a existência do raio e localização de sua descarga com margem de erro de dezenas de metros, indicam a intensidade da corrente, a polaridade e outras informações.

A importância está no fato de que, com uso da internet e dos centros meteorológicos do País, será possível conhecer com antecedência os locais de incidência de raios e dar o alerta. "Haverá tempo para alertar a população, o setor produtivo, como a agricultura, preservando a vida e a propriedade", diz Roberto Calheiros, diretor do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Unesp, de Bauru. "Com meia hora de antecedência, será possível saber se vai haver descarga elétrica e com isso a pessoa evita falar ao telefone, ficar em lugar aberto ou pôr animal no pasto."

Por enquanto, os detectores estão sendo usados pelos cientistas do projeto Troccinox, que vão voar pelo interior das tempestades com o avião russo M-55 Geophysica. Eles coletarão amostras de nano-partículas que compõem o óxido de nitrogênio deixado na atmosfera pelas descargas. O óxido de nitrogênio causa buracos na camada de ozônio e doenças nas pessoas.