Título: Animado, Humberto Costa diz que fica
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2005, Nacional, p. A5

Considerado como um quase ex-ministro até por colegas mais próximos, o ministro da Saúde, Humberto Costa, não se deixou abater. Ontem esbanjou otimismo, fez questão de mostrar seus planos para o ministério em 2005 e arrematou, com um sorriso discreto: "Tenho certeza que vou continuar". Indiferente aos rumores crescentes, Costa argumentou que até hoje só recebeu manifestações de reconhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Se por uma articulação administrativa minha saída for acertada, o presidente terá todo o meu apoio", repetiu, como em todas as vezes em que seu nome é cogitado para a reforma ministerial. Desta vez, no entanto, emendou dizendo estar convicto de sua permanência no cargo. Pela manhã, Costa fez questão de apresentar, na Comissão Nacional de Saúde, as metas da sua pasta para 2005: ampliar o número de Farmácias Populares, de serviços do Serviço Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e de equipes do Programa de Saúde da Família. Propôs, também, idéias novas como a criação de um sistema de benefícios fiscais para hospitais particulares, semelhante ao ProUni, criado no Ministério da Educação. Da platéia, ouviu uma manifestação de apoio: "O senhor é a pessoa certa, no lugar certo". E críticas a duas crises recentes, que fizeram crescer as apostas sobre sua saída: a crise no abastecimento de medicamentos usados no tratamento de Aids e a notícia das mortes de crianças indígenas, no Mato Grosso do Sul. Mas muitos não escondiam a surpresa diante da convicção do ministro de que permanecerá no cargo. "Parece um canto do cisne", afirmou um dos membros da comissão.

Desta vez, integrantes da Comissão Nacional de Saúde viram um ministro ao mesmo tempo impaciente, cheio de idéias e argumentos em sua defesa. Por exemplo, atribuiu o problema do desabastecimento de remédios à desorganização dos laboratórios oficiais. "Eles precisam de um choque de gestão." E criticou o fato de laboratórios precisarem de adiantamento para financiar sua produção. "É inacreditável eles não terem capital de giro ou não saberem nem sequer fazer uma prestação de contas."