Título: Negociação deve ser equilibrada, diz OMC
Autor: Rolf KuntzEnviado especial
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2005, Economia, p. B1

Em reunião com Zoellick, ministros reforçam promessa de concluir a rodada DAVOS - Há um novo otimismo sobre as negociações globais de comércio, a Rodada Doha. Todos os países querem um avanço importante até o fim do ano, disse ontem o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, depois de um café da manhã com ministros da União Européia e mais seis países, incluído o Brasil. O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Supachai Panitchpakdi, participou da conversa e insistiu em que um pacote de propostas seja fechado até julho. A partir de agora as negociações deverão ser mais equilibradas, com os vários temas avançando em paralelo, segundo Supachai. O ministro do Comércio do Quênia, Mukhisa Rituy, disse que é preciso repor o desenvolvimento no centro da agenda de Doha. Temas de interesse especial dos países em desenvolvimento estão recebendo atenção insuficiente, afirmou o ministro.

O governo do Quênia será o anfitrião da miniministerial - reunião de um grupo restrito - prevista para 2 a 5 de março, em Masara, a 200 km de Nairóbi, capital do país. Será uma oportunidade, segundo Supachai, para se reafirmar a importância das questões ligadas ao desenvolvimento, e que incluem assuntos velhos, como a implementação, ainda imperfeita, de acordos da Rodada Uruguai, concluída há 10 anos.

Zoellick mencionou, ontem, no contato com a imprensa, o interesse dos Estados Unidos e do Brasil na reforma do comércio agrícola. Mas a União Européia acusa os EUA de tentar manter, sob nova forma, certos subsídios que deverão ser oficialmente banidos.

Os governos terão muito que negociar, nos próximos meses, mas parte da energia será consumida na campanha para a eleição, em abril, do novo diretor-geral da OMC. O Brasil tem candidato próprio, o embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa, representante em Genebra. Mas não tem apoio unânime no Mercosul, porque o Uruguai lançou um candidato, nem dos mais importantes aliados africanos.

O ministro do Comércio da África do Sul, Mandis Mpahlwa, disse ontem que seu governo ainda não resolveu quem será apoiado. Ele lembrou que seu país tem uma relação especial com o Brasil e com a Índia, mas ressalvou que também há um candidato de sua região, lançado pelas Ilhas Maurício. Além disso, o candidato da UE, Pascal Lamy, tem forte apoio em várias regiões e é preciso considerar também isso, completou.