Título: Mesa negocia com sindicalistas lei de imposto sobre gás e petróleo
Autor: Lourival Sant Anna
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2005, Internacional, p. A12

Durou uma tarde o esforço de diálogo entre o governo boliviano e a oposição e representantes dos chamados movimentos sociais. Às 20h locais (21h em Brasília), o líder cocaleiro Evo Morales, dirigente do Movimento ao Socialismo (MAS), e o secretário-executivo da Central Operária Boliviana (COB), Jaime Solares, saíram do Palácio Quemado, sede da presidência, anunciando que vão intensificar ainda mais os bloqueios de estradas. "Agora é para valer", disse Morales. "Vamos com tudo nos bloqueios." O motivo do fracasso da reunião é que o presidente Carlos Mesa não aceita o aumento de 18% para 50% da cobrança de royalties sobre a produção de gás natural e de petróleo. E Morales não abre mão dessa cobrança. Entretanto, alguns deputados do próprio MAS concordaram ontem na Câmara, onde tramita o projeto de lei, com uma solução intermediária, pela qual se cobrariam, além dos atuais 18% de royalties, impostos diretamente sobre "o primeiro ponto de fiscalização", em seguida à extração dos combustíveis. "Se não aprovarmos os royalties de 50%, aprovaremos essa", disse o deputado Manuel Morales Davila, do MAS. O debate continuará na terça-feira.

O diálogo foi precedido de duas concessões do presidente: um pedido público de desculpas pelo virulento discurso de domingo, no qual acusou o líder cocaleiro de "bloquear a Bolívia" e apresentou seu pedido de renúncia, rejeitado na terça-feira pelo Congresso depois de um acordo com os outros partidos; e a aceitação da presença de outros líderes dos setores sociais, sem representação no Congresso.