Título: Socorro federal demora demais, reclama prefeito petista da cidade natal de Lula
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Nacional, p. A4

RIO - Com a responsabilidade de governar a terra natal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de Caetés (PE), José da Luz (PT), acha que a ajuda federal demora demais e reclama das novas exigências burocráticas. Atualmente, a situação de emergência atinge 30% do município, nada parecido com a estiagem de 2002 a 2004, que teve 14 meses sem chuva. "Quando viajamos para a posse de Lula, estávamos sofrendo demais", relata Luz. Na época, até o reservatório local, para 3,5 milhões de metros cúbicos, secou. Ele lembra a data da primeira chuva, recebida com euforia em 14 de janeiro de 2004. Atualmente, a Barragem do Gurjão tem água "para três anos de seca" no município, localizado no agreste, "início do sertão". Caetés já está no segundo decreto de situação de emergência, ambos com duração de 90 dias, mas nenhum reconhecido pelo Ministério da Integração Nacional. "Estamos muito preocupados", afirma. "Gasto R$ 60 por caminhão-pipa, 200 são R$ 12 mil. No ministério (da Integração Nacional), as decisões não são muito rápidas." Ele diz que, na seca anterior, o reconhecimento e a ajuda financeira só chegaram em novembro de 2003. "O governo federal só pagou 74 dias", afirma. "Com água, gastava de R$ 25 mil a R$ 30 mil por mês ."

Em seu terceiro mandato como prefeito, José da Luz diz que não concorda com o aperto das exigências para reconhecimento da emergência ou da calamidade pública. "O ministério e a Codecipe (Coordenação da Defesa Civil de Pernambuco) já conhecem nosso sofrimento. A burocracia, muitas vezes, complica. Lamento isso."

DIVERGÊNCIA

Em Afogados da Ingazeira, sertão de Pernambuco, o prefeito Totonho Valadares (PSB) não vê motivos para emergência. O segundo decreto instituindo a situação em parte da cidade, da sua antecessora, Maria Gizelda Simões (PMDB), expirou em 31 de dezembro, sem reconhecimento do governo federal. "Na verdade o tempo invernoso começa em janeiro. Não podemos dizer que vivemos uma seca. Agora o sertão começa a ficar verde. Difícil é ter regularidade de chuvas." Ele diz que, só em janeiro, já caíram mais de 100 mm de chuva, quantidade que não caracteriza estiagem.