Título: Mercado prevê alta da inflação
Autor: Gustavo Freire
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B3

Previsão de índice sobe de 5,7% para 5,74% em pesquisa do BC BRASÍLIA - O mercado financeiro continua pessimista em relação à inflação deste ano, apesar do recado dado na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) de que a taxa básica de juros continuará aumentando e permanecerá alta se as expectativas não passarem a apontar para a meta. As previsões de mercado para a inflação deste ano medida pelo IPCA subiram de 5,70% para 5,74% na pesquisa semanal do Banco Central (BC) divulgada ontem. A política monetária está mirando uma inflação de 5,1% no fim do ano, pouco acima da meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Depois da divulgação da ata do Copom, analistas esperavam um recuo das estimativas. Agora, os operadores de mercado esperam que a queda nas previsões de inflação ocorra na pesquisa que será divulgada na próxima semana, quando os participantes já terão assimilado os termos da ata da reunião do Copom que elevou os juros de 17,75% para 18,25%.

A alta das estimativas de inflação no levantamento divulgado ontem ocorreu mesmo com a elevação das previsões de juros para fevereiro e para o fim do ano. Para este mês, as expectativas passaram dos 18,25% da pesquisa anterior para 18,50%, embutindo uma estimativa de alta dos juros de 0,25 ponto no mês.

As previsões para o fim do ano, por sua vez, subiram de 16% para 16,50% ao ano. Antes disso, os juros ainda subiriam mais 0,13 ponto porcentual em março e atingiriam os 18,63% ao ano. Depois disso, a taxa recuaria para 18,50% de novo e aí permaneceria até julho, quando cairia para 18,25%, de acordo com a pesquisa na página do BC na internet.

Na outra ponta, as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não repetiram o aumento da semana passada e permaneceram estáveis em 3,70%. O porcentual projetado é menor que os 4% estimados pelo próprio BC no Relatório de Inflação divulgado ao fim de 2004, quando ainda usava como parâmetro taxa de juro de 17,75% e câmbio a R$ 2,75. Mesmo assim, as estimativas de expansão da produção industrial voltaram a subir - de 4,50% para 4,63%. Para 2006, as estimativas de crescimento do PIB também não mudaram e se mantêm em 4%, enquanto as expectativas para a produção industrial recuaram de 4,25% para 4,20%.