Título: Bradesco tem lucro recorde de R$ 3 bi
Autor: Renée PereiraColaborou: Heloiza Canassa
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B4

Número de clientes aumenta para 15,7 milhões e ajuda resultado a crescer 32,68% sobre o registrado em 2003 O Bradesco fechou 2004 com lucro recorde de R$ 3,06 bilhões - resultado 32,68% superior aos R$ 2,31 bilhões apurados em 2003. Um dos principais fatores que reforçaram o ganho do maior banco privado do País foi o avanço do crédito voltado para pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas, explicou o presidente da instituição, Márcio Cypriano: "Além do crescimento econômico, o banco teve um aumento significativo da base de clientes, o que influenciou a carteira de crédito e as receitas de serviços." No ano passado, o número de contas correntes subiu de 14,5 milhões para 15,7 milhões e o de poupança, de 32,3 milhões para 34,6 milhões. Com isso, a carteira de crédito registrou um salto de 15,55%, para R$ 62,79 bilhões. O segmento de empréstimos e financiamentos para pessoa física cresceu 35,89% - de R$ 15,6 bilhões para R$ 21,2 bilhões. Desse total, R$ 17,3 bilhões referem-se a financiamento ao consumo. O destaque ficou com a área de veículos, cuja carteira aumentou 41%, para R$ 10,3 bilhões.

Os empréstimos destinados às micro, pequenas e médias empresas somaram R$ 18,7 bilhões, volume 32,62% maior do que o de 2003. Já o segmento de grandes empresas apresentou queda de 6,91% no volume de crédito, de R$ 24,6 bilhões para R$ 22,9 bilhões. Segundo Cypriano, o desempenho dessa carteira deve-se ao fato de as grandes empresas procurarem outras formas de financiamento, como o mercado de capitais.

Para 2005, a expectativa de crescimento da carteira de crédito está entre 20% e 22%, considerando o avanço em torno de 3,6% do Produto Interno Bruto e os acordos operacionais firmados pelo Bradesco para financiar empréstimo consignado (com desconto em folha de pagamento) aos aposentados e pensionistas do INSS.

A instituição fechou parcerias com o BMG, Cruzeiro do Sul, Bonsucesso, Paraná e Panamericano. Os negócios envolvem o concessão de crédito de até R$ 17,7 bilhões. Além disso, o banco também fez acordo com as Casas Bahia - a maior rede de eletrodomésticos e móveis do Brasil.

Outro ponto positivo no balanço do Bradesco foi a queda no índice de inadimplência de 4,8% para 3,9%. Isso possibilitou também a redução de 16,65% das despesas com provisão para devedores duvidosos. "Criamos ferramentas eficientes para melhorar a análise de crédito de nossos gerentes", justifica Cypriano.

SERVIÇOS

O aumento da base de clientes e o avanço do Banco Postal - de 4 mil postos de atendimento para 5.383 - também contribuiu para o crescimento das receitas de serviços, para R$ 5,82 bilhões. Essas receitas tiveram 26% de participação no lucro do banco. No ano passado, os serviços respondiam por 24%.

Além do aumento do crédito e das receitas de serviços, o maior controle dos custos do banco também teve peso importante no resultado do Bradesco. As despesas de pessoal avançaram 3,97%, para R$ 4,97 bilhões, e as despesas administrativas, 2,55%, para R$ 4,94 bilhões.

Durante a apresentação dos resultados, Cypriano informou que a instituição se tornou líder em consórcios no País, segundo o Banco Central. No ano passado, o banco apresentou crescimento de 89% na sua carteira de consórcios, para R$ 4,3 bilhões. A receita com esta linha, por sua vez, teve alta de 234%, para R$ 87 milhões. A Bradesco Consórcios está em funcionamento há dois anos. "O ano de 2004 foi excelente para a economia e para o banco, e 2005 será outro ano memorável", afirmou o executivo.

Segundo ele, o banco trabalha com expectativa de crescimento de 3,6% do PIB brasileiro em 2005, câmbio na casa de R$ 2,85 e inflação de 5,6%. A taxa Selic, completa Cypriano, deverá fechar o ano em 16%. De acordo com a equipe econômica do Bradesco, os juros devem ter mais duas elevações. A partir de abril, começaria a fase de estabilização e, em agosto, voltariam a cair.

CAPTAÇÃO

O Bradesco informou que concluirá hoje uma captação de US$ 50 milhões em eurobônus. Os títulos terão prazo de 3 anos e o retorno deverá ficar entre 4,250% e 4,625% ao ano.