Título: Rússia está perto de acordo com EUA para entrar na OMC
Autor: The Associated Press e Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B6

Divergências estão sendo superadas e adesão deve ocorrer ainda este ano ZURIQUE - Estados Unidos e Rússia poderão chegar a um acordo para o ingresso dos russos na Organização Mundial do Comércio (OMC) ainda este ano, após as conversações de ontem, em Zurique, entre negociadores dos dois países, informou Robert Zoellick, representante americano para o Comércio. A Rússia é a maior economia a ficar de fora da organização de 148 países, e os EUA e o Japão são os dois únicos países desenvolvidos que ainda não aprovaram a entrada de Moscou no grupo. O encontro entre o representante americano e o ministro russo da Economia, German Gref, o primeiro em meses, ocorreu três semanas após a reunião entre os presidentes George W. Bush e Vladimir Putin para debater assuntos comerciais.

"A reunião foi excelente", afirmou Zoellick, após o encontro de oito horas com Gref, bem mais longo do que inicialmente previsto. "Se mantivermos esse entusiasmo, poderemos chegar ao acordo bilateral sobre o acesso (da Rússia) ainda este ano".

Gref também demonstrou otimismo, ao dizer que o acordo com os EUA poderia abrir caminho para o ingresso na organização, que discutirá o tema na reunião de dezembro, em Hong Kong. "Quando as negociações com os Estados Unidos terminarem, teremos uma ótima oportunidade para acertar as coisas em dezembro", afirmou.

A Rússia, que está há dez anos negociando o ingresso na organização sediada em Genebra, já fechou acordos bilaterais com a União Européia, Coréia do Sul e cerca de 20 outros membros da OMC. Para ingressar no grupo, um país precisa fazer acordos individuais com qualquer membro que exigir isso, e deve negociar um acordo global com a entidade como um todo. Neste último caso, o candidato deve se comprometer a aplicar regras e regulações que estejam em linha com as práticas da Organização Mundial do Comércio.

Segundo Zoellick, houve progresso em todos os temas importantes, incluindo as divergências entre Washington e Moscou quanto ao comércio de produtos agrícolas, bens industriais e serviços, particularmente no que se refere aos bancos e seguros. Um dos pontos pendentes é o limite à participação estrangeira nas telecomunicações e nos seguros de vida. Mas outros países da OMC criticam a política russa de subsidiar os combustíveis. "Conseguimos avançar em todas as áreas. As duas partes demonstraram um senso renovado de energia", disse Zoellick.

Ele e Gref vão se avistar novamente no final de março ou início de abril, depois que negociadores das duas partes mantiverem uma nova etapa de conversações em Genebra, em fevereiro.