Título: Agricultores europeus apelam à CE para recusar reforma nos subsídios
Autor: JAMIL CHADECorrespondenteCom EFE
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B6

GENEBRA - Os agricultores europeus apelaram formalmente, ontem, à Comissão Européia (CE) para impedir a aprovação da reforma do sistema de subsídios à produção de açúcar, que afeta diretamente as exportações brasileiras. Representantes da Confederação Geral de Cooperativas Agrícolas alertaram que a proposta sugerida até agora vai além do que o setor pode suportar. "É o modelo agrícola europeu que está em perigo", afirmou a entidade. Já para o governo brasileiro, ela ainda não atende às exigências de cortes de subsídios ilegais.

A União Européia (UE) espera a aprovação de alguma redução dos subsídios até dezembro, antes da reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Hong Kong. Pela atual proposta, a UE reduziria os preços de apoio ao produtor de 632 por tonelada para 421. Em 2004, o orçamento da UE destinou 1,4 bilhão em subsídios ao setor.

A proposta final de reforma só será apresentada depois que a disputa legal aberta pelo Brasil na OMC seja concluída. O Itamaraty venceu o caso na primeira instância, o que obrigaria os europeus a rever os subsídios. Mas Bruxelas entrou com um recurso e um órgão de apelação vai reavaliar o processo, cuja decisão deve sair até abril.

MERCOSUL

A UE e o Mercosul mostraram ontem disposição de retomar as negociações comerciais para chegar a um acordo antes do fim do ano. A proposta recebeu o apoio do Fórum Empresarial Mercosul-UE, que reuniu, na sede da siderúrgica Arcelor, em Luxemburgo, executivos de grandes empresas dos dois continentes e políticos responsáveis pela negociação.

Segundo o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, no encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente da CE, José Manuel Durão Barroso, no Fórum Econômico Mundial, os dois concordaram que se deve "tentar terminar (as negociações) antes do fim de 2005".

O Fórum Mercosul-UE terminou com uma declaração na qual os empresários também apostam na conclusão da negociação em 2005. Os negociadores dos dois blocos retomarão os trabalhos em março, em Bruxelas, antes da reunião ministerial prevista para março ou abril em Assunção.