Título: Rodrigues: produtor sabia do risco da soja
Autor: Gustavo Porto
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B6

Ministro diz que fez vários alertas e que, agora, a saída é 'enfrentar o mercado' BOTUCATU - O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ontem que o produtor de soja sabia dos riscos que enfrentaria ao plantar a cultura em um cenário econômico com custos nos mesmos níveis dos preços de venda do grão. Rodrigues, que é sojicultor no Maranhão, lembrou que o produtor estava informado dos riscos e que a saída agora "é enfrentar o mercado". O ministro ressaltou que vinha alertando os produtores, desde agosto passado, de que os custos seriam crescentes e os preços no mercado internacional estariam caindo. E agora ainda há o problema do dólar. "Ou seja, agora a coisa está pior do que no ano passado. É uma situação complicada para todos nós produtores."

Por outro lado, segundo Rodrigues, nesta safra 2004/2005, o agricultor está mais responsável muito mais profissional em relação ao combate à ferrugem asiática. "É lógico que (a ferrugem) preocupa, mas o comportamento do produtor é muito melhor neste ano e o grau de preocupação nosso é muito menor."

NEGOCIAÇÕES

Há uma forte expectativa de que haja este ano um grande avanço na Rodada Doha rumo à conclusão de um acordo na Organização Mundial do Comércio, disse o ministro da Agricultura. Mas ele não é tão otimista quanto à finalização de outros acordos internacionais, como a Alca e entre a União Européia (UE) e o Mercosul.

As mudanças nas equipes de negociação na UE e nos Estados Unidos, explicou Rodrigues, atrasaram as conversas entre esses blocos econômicos e o Brasil e o Mercosul. Segundo ele, as negociações internacionais, junto com os avanços tecnológicos e a consolidação do sistema de defesa, são as três grandes questões que sua equipe de técnicos vai centralizar após a reforma que promoveu no ministério. "Essa equipe é para jogar o segundo tempo no governo do presidente Lula."

Rodrigues confirmou ainda que o ex-presidente da Embrapa, Clayton Campanhola, não aceitou o convite para dirigir o Pólo Brasileiro de Biocombustíveis em Piracicaba.