Título: Venda dos falsos vinhos está sendo regulamentada
Autor: Patrícia Campos Mello
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B9

Ministério da Agricultura quer limitar comércio de produto que induz consumidor a acreditar que é um vinho de verdade O Ministério da Agricultura baixou uma instrução normativa na sexta-feira para regulamentar a venda dos "falsos vinhos". O objetivo da medida é restringir a venda dos chamados coquetéis de vinho ou bebidas mistas, que são vendidos como se fossem vinho, mas chegam a conter menos de 1% da bebida - o restante é água e álcool. "Os rótulos dessas bebidas são enganosos e induzem o consumidor a pensar que está comprando vinho de verdade", explicou Ricardo da Cunha Cavalcanti, coordenador geral de Vinhos e Bebidas da pasta. Na mira do ministério estariam vinhos de São Roque e os vinhos Duelo.

A partir de agora, essas bebidas são obrigadas a conter pelo menos 50% de vinho e precisam mostrar no rótulo, de forma clara, que são bebidas à base de vinho. Nesta semana, pode sair também a regulamentação para a venda de sangrias. Segundo Cavalcanti, os fabricantes incorreram em fraude econômica e os produtos têm 180 dias para se adequarem às novas regras. Após esse prazo, se não cumprirem a regulamentação, os produtos podem ser recolhidos dos supermercados e os fabricantes poderão ser multados.

A queixa veio dos fabricantes de vinhos tradicionais, que têm um custo bem superior aos dos vinhos mistos. Os coquetéis estavam roubando mercado dos vinhos mais populares, como Chapinha e Sangue de Boi. Um garrafão PET de 5 litros de um coquetel de vinho chega a ser vendido por R$ 4. Uma garrafa de 800 ml do Chapinha sai por R$ 5 e o sangue de boi, de 5 litros, sai por cerca de R$ 12

CONTRABANDO

Ontem, em Brasília, representantes do setor vinícola e do Ministério da Justiça reuniram-se para discutir maneiras de endurecer o combate ao contrabando de vinhos argentinos. Os produtores brasileiros se queixam de que há contrabando de vinhos por Foz do Iguaçu. Segundo eles, os vinhos argentinos entram no País com preços muito baixos, porque não pagam impostos.

De acordo com Darci Dani, diretor-executivo da Associação Gaúcha de Vinicultores, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça devem intensificar a fiscalização na fronteira, além de ir atrás de importadores "laranja".