Título: SBC compra a empresa-mãe AT&T
Autor: Reuters e AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B13

Aquisição, por US$ 16 bilhões, faz da empresa a maior operadora de telefonia dos EUA, com receita conjunta de US$ 71 bi A operadora de telefonia americana SBC Communications anunciou ontem ter chegado a um acordo para a compra da AT&T Corp., a número um da telefonia de longa distância dos Estados Unidos, por US$ 16 bilhões. A compra, que ainda deve passar pelo crivo das agências antitruste do país, fará da SBC a maior empresa de telefonia dos EUA. A receita conjunta das empresas em 2004 chegou a US$ 71 bilhões. A operação é mais uma de um movimento de fusões e compras registrado nos últimos meses nos Estados Unidos. Na última sexta-feira, a Procter & Gamble, gigante dos produtos de consumo, anunciou a compra da Gillette por US$ 57 bilhões, o que a transformou na maior empresa mundial do setor.

A aquisição vai incluir US$ 14,7 bilhões em ações da SBC e um dividendo especial de US$ 1,04 bilhão aos acionistas da AT&T quando o negócio for concluído. O acordo, que deve ser finalizado no primeiro semestre de 2006, atraiu críticas de analistas, que consideraram US$ 16 bilhões um preço muito alto para uma companhia que está vendo receitas diminuírem e tem um cenário de crescimento questionável.

A AT&T, cuja história remonta à invenção do telefone, há 130 anos, tem sido atingida por competição crescente da própria SBC e de outras companhias de telefonia local. A empresa manteve negociações para comprar a BellSouth em 2003, mas a telefônica local desistiu das negociações depois de ver o negócio como risco potencial para seu crescimento.

A combinação da AT&T com a SBC vai reunir uma ex-Baby Bell - designação das companhias telefônicas regionais dos EUA antes pertencentes à AT&T - com sua antiga controladora, uma união que o ex-chefe da Comissão Federal de Comunicações dos EUA, Reed Hundt, afirmou ser "impensável" em 1997.

Para o chairman da SBC, Ed Whitacre, um voraz comprador de empresas durante seus 15 anos à frente da companhia, a aquisição da AT&T vai completar a transformação da SBC de uma empresa de telefonia local para uma companhia internacional.

Não está claro o que vai acontecer com o nome AT&T. "Nós valorizamos a herança da marca AT&T, que é um dos nomes mais reconhecidos e respeitados do mundo. Ele será certamente parte do novo futuro da companhia", afirmou Whitacre em comunicado. O executivo será chairman e presidente-executivo da companhia combinada.

As empresas disseram esperar que o acordo produza "valor líquido de mais de US$ 15 bilhões em sinergias". Praticamente a maior parte das economias deve surgir com operações de rede e tecnologia da informação.

O anúncio da aquisição da AT&T vai colocar as atenções na MCI como próximo alvo de compra, afirmaram analistas. A MCI é a segunda maior companhia de longa distância dos EUA. "Vai definitivamente colocar a MCI no bloco e ela vai ser adquirida rapidamente por uma das locais, Verizon ou BellSouth ou Qwest", afirmou Jeff Kagan, analista independente. A aquisição de duas das maiores companhias de longa distância tem sido considerada por executivos da indústria como inevitável, pois as empresas locais tentam expandir seus serviços. Apesar disso, o momento atual parece prematuro, dizem analistas.

A SBC deve se concentrar em seus serviços de crescimento acelerado, como telefonia celular e transmissão de dados, em vez de se dedicar à difícil integração da AT&T, que deverá reduzir a expansão de suas receitas e expor a empresa aos riscos do encolhimento do mercado corporativo de longa distância, disse o analista do Lehman Brothers, Blake Bath.