Título: Pedida a falência da Estrela
Autor: Carlos FrancoVera DantasColaborou: Thélio de M
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Economia, p. B16

Fornecedores cobram dívida de R$ 700 mil, que é negociada A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) suspendeu ontem, às 10h52, os negócios com ações da Manufatura de Brinquedos Estrela, até que a empresa explicasse o motivo que levou dois de seus fornecedores - Gráfica Suprema Embalagens Ltda. e Cartonagem Jauense Ltda. - a pedir a sua falência. Às 12h39, a Bovespa anunciou que, a partir das 13 horas, as ações voltariam a ser negociadas, uma vez que a empresa comprovou ter renegociado as dívidas desse processo, no valor de R$ 700 mil, com os fornecedores. O processo corre na 2.ª Vara Cível de Itapira (SP), onde a empresa tem uma nova fábrica. Em nota oficial, a Estrela informou tratar-se de um "desencontro de ordem, pois os débitos acusados são referentes a fornecimentos do ano passado já renegociados. A companhia informa que tal notícia em nada abalou suas operações e que mantém suas três plantas em pleno funcionamento, sem qualquer prejuízo a seus colaboradores." A última ação na Justiça contra a empresa data de 1988, na forma de concordata.

As ações da Estrela valorizaram 43% em 2004, por conta das expectativas de melhora das vendas no varejo. Ontem, antes da suspensão, as ações estavam cotadas a R$ 2,10, e encerraram o pregão a R$ 2,30, com alta de 15%.

Os comentários em torno das dificuldades enfrentadas pela Estrela correm há algum tempo no mercado. Segundo uma fonte, é freqüente a empresa atrasar pagamentos. "Eles atrasam, mas depois acertam. Esse quadro tem sido constante nos últimos anos." Na avaliação de quem está no varejo de brinquedos, o problema da Estrela tem sido o mix de lançamentos, menos atrativo se comparado com os importados, principalmente da Mattel, maior fabricante de brinquedos do mundo.

O dono da rede Ri Happy, Ricardo Sayon, com 73 lojas, acredita que, apesar das dificuldades, a Estrela deve superar a crise. "O custo do plástico injetado, soprado, dos cartonados e da madeira ainda é mais barato no Brasil do que na China. Por isto acho perfeitamente viável a produção de brinquedos no País", diz. "É importante para o mercado a presença da Estrela aqui." A Ri Happy trabalha com 150 fornecedores e a participação da Estrela nas vendas é de 6%. "No Natal, eles mantiveram a posição."