Título: Com um novo índice, violência cai
Autor: Laura Diniz
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2005, Metrópole, p. C6

A Secretaria de Segurança Pública destacou ontem um novo indicador ao divulgar o balanço da violência no Estado no último trimestre de 2004: o total de crimes violentos. O índice, composto por números de homicídio doloso (com intenção), roubo, latrocínio (roubo seguido de morte), estupro e extorsão mediante seqüestro, caiu 6% nos últimos três meses do ano passado em comparação ao mesmo período de 2003. Em números absolutos, o total passou de 82.572 para 77.786. A medida visa contrapor um índice que apontou queda da criminalidade ao "total de delitos", que mais uma vez apresentou alta - de 492 mil para 503 mil, o que configura uma variação de 2%. O "total de delitos" compreende todas as ocorrências registradas por meio dos boletins de ocorrência - desde o registro de perda de documentos até os homicídios.

O coronel José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública do governo Fernando Henrique Cardoso, classificou de "forçado" o lançamento do novo indicador, que, segundo ele, não expressa nada concreto, nem deve dar à sociedade a sensação de mais segurança. "Não tem sentido somar, por exemplo, 2.079 homicídios dolosos com 29 seqüestros. O conveniente é fazer a análise de cada crime, porque eles precisam ser tratados dentro de suas peculiaridades", afirmou. A redução de 18% dos homicídios no Estado, segundo ele, é uma vitória, mas se deve mais a fatores sociais do que à ação da polícia.

Na capital, nem todos os números que compõem o "total de crimes violentos" caíram. O estupro, por exemplo, sofreu um aumento de 20% - de 283 para 339. Os homicídios dolosos tiveram queda de 21%, tentativas de homicídio 3%, latrocínio 51% e extorsão mediante seqüestro 22%. No interior, há ainda mais indicadores que subiram. O latrocínio, por exemplo, apresentou alta de 51%.

Segundo o secretário de Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, os números apresentados ontem refletem que a polícia está agindo "com menos suor e mais inteligência". "Pela produção das Polícias Civil e Militar, percebemos a eficácia do trabalho policial. Vamos reduzir ainda mais com a redistribuição da Polícia Militar no Estado. Hoje, após análise de dados, pusemos o policial onde ele mais precisa estar", afirmou.

O número de prisões efetuadas caiu 10% no último trimestre de 2004 em relação ao mesmo período de 2003 - de 23.751 para 21.313. Segundo o secretário, no entanto, isso não quer dizer que a polícia está sendo menos eficiente. "Pelo contrário, há um aumento do número de presos, o que indica que as prisões estão tendo mais qualidade", afirmou.

A secretaria manteve nas estatísticas a inclusão do seqüestro relâmpago na modalidade "roubo - outros", que teve uma queda de 9% (de 59.550 para 54.452) no período analisado em comparação com os mesmos meses de 2003. Segundo Abreu, isso acontece porque a polícia registra os dados com base no Código Penal, que não tipifica o crime de seqüestro relâmpago.