Título: 800 sítios arqueológicos e uma grande riqueza ambiental
Autor: Evanildo da Silveira
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2005, Vida &, p. A26

Com 130 mil hectares, 214 quilômetros de perímetro e cerca de 800 sítios arqueológicos, o Parque Nacional da Serra da Capivara é, de fato, um museu a céu aberto. Desde 1991, ele é administrada em parceria pelo Ibama e a Fundham, uma organização da sociedade civil de interesse público (Osip) fundada pela arqueóloga Niède Guidon em 1986 para realizar pesquisas na área. Nascida em Jaú, há 71 anos, Niède mudou-se para a França em 1964, onde fez carreira na Escola de Altos Estudos e Ciências Sociais, em Paris. Em 1991, ela foi cedida pela França ao Brasil, a pedido do governo brasileiro, para administrar o parque. Três anos depois, em 1994, foi assinado um contrato de co-gestão entre o Ibama e a Fundham.

Hoje, a fundação tem cerca de 80 funcionários, entre pessoal administrativo, guardas e guias. Do total de sítios, 123 podem ser visitados por turistas, sempre acompanhados de guias, por trilhas bem conservadas. No interior do parque, há um centro de visitantes, com sanitários, lanchonete e loja de souvenirs.

O centro fica ao lado do Sítio Toca do Boqueirão da Pedra Furada, onde, segundo Niède, foram encontrados os mais antigos vestígios da ocupação humana das Américas. Ela sacudiu a comunidade científica mundial em 1992, ao anunciar ter descoberto no local restos fossilizados de fogueiras feitas pelo homem datados de 48 mil anos. Até hoje, no entanto, grande parte dos arqueólogos não aceita essa datação. Para eles, a presença humana nas Américas é bem mais recente, não passando de cerca de 15 mil anos.

Além da riqueza arqueológica, o Parque da Serra da Capivara tem importância ambiental. Entre a sua fauna, destacam-se as onças, os tatus, os veados, os tamanduás, os morcegos e muitas espécies de aves e anfíbios. Quanto à flora, o parque abriga uma das últimas áreas de caatinga virgem do País. (E.S.)