Título: Remessas usam doleiros e nem sempre são seguras
Autor: Patrícia Campos Mello e Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/03/2005, Economia, p. B6

Há uma proliferação de empresas na Europa oferecendo o serviço de transferência de dinheiro. São usadas principalmente por brasileiros que vivem de forma ilegal no exterior e não podem abrir contas em bancos locais ou ser identificados pelas autoridades. A rigor, essas empresas estão dentro da lei. O problema está no Brasil, onde usam doleiros para completar a operação. Muitas empresas de remessas funcionam na base da compensação. Em um primeiro momento, o dinheiro nem sai do exterior, nem entra no Brasil. O dono de uma loja na Europa que possui conta no Brasil só faz uma transferência de sua própria conta no país para a conta onde o dinheiro será destinado. A loja recebe o dinheiro do brasileiro no exterior e esse dinheiro fica, em um primeiro momento, na Europa. Só depois é transferido e, para isso, doleiros são usados.

Há o risco, portanto, de um emigrante ajudar a lavar dinheiro no Brasil sem saber. O dinheiro depositado na conta da família do brasileiro pode ser sujo. Outro risco é o sumiço do dinheiro. Em 2004, vários brasileiros vivendo em Londres acabaram no prejuízo quando a VIP, que fazia esse serviço, fechou as portas.