Título: 'Eu me sinto vítima de uma arbitrariedade'
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2005, Nacional, p. A7

Em Fortaleza, de manhã, o ministro Ciro Gomes já se queixava das atitudes do PPS, antes de o partido anunciar seu afastamento, à tarde em Brasília. "Eu me sinto vítima de uma arbitrariedade", afirmou ao chegar à capital cearense. "Mas eu vou serenamente resistir, como tenho resistido, pois não existe essa figura da licença no estatuto do partido, que é uma farsa, assim como não existe cassação. O Brasil é uma democracia e o tempo de cassar as pessoas já passou." Ciro não poupou críticas ao presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE). Disse que Freire trabalha para tirá-lo do partido porque quer levar o PPS a se transformar em "linha auxiliar de José Serra (atual prefeito de São Paulo) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso". E insistiu: "Em termos de burocracia partidária está sendo. É só ver desde a minha campanha para presidente da República, quando fui traído por certas figuras do partido." O ministro também enfatizou sua importância para o crescimento do partido. "Quando entrei no PPS, eles tinham 3 deputados federais e um senador e nunca, em 70 anos de história, tinham feito um governador", afirmou Ciro. "Eu ajudei a fazer esse partido, que hoje tem dois governadores, 2 senadores e 22 deputados federais. Elegemos 350 prefeitos e tiramos mais de 5 milhões de votos e nisso ajudei modestamente, como candidato a presidente."