Título: Balança inicia ano com mais recordes
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2005, Economia, p. B1

Apesar da desvalorização do dólar, a balança comercial continua batendo recordes. Em janeiro, fechou com superávit de US$ 2,183 bilhões e cresceu nos dois sentidos: as importações aumentaram 24,84% e as exportações, 28,34% ante igual mês de 2004. O resultado, divulgado ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), traz uma avalanche de números históricos para o mês - de embarques, desembarques, de saldo e corrente de comércio, que alcançou US$ 12,705 bilhões. Os números acumulados nos 12 meses encerrados em janeiro - como o saldo positivo de US$ 34,290 bilhões - também superaram os verificados ao longo de 2004 - como o superávit de US$ 33,693 bilhões.

Durante a divulgação dos dados, o secretário de Comércio Exterior, Ivan Ramalho, ponderou que alguns fatores que favoreceram os resultados de janeiro não devem perdurar ao longo do ano, como a venda de manufaturas.

O secretário, entretanto, esquivou-se de analisar o impacto dos movimentos da taxa de câmbio no comércio exterior em janeiro e sua tendência nos próximos meses sob o pretexto de que os contratos de compra e venda de produtos são firmados em momentos distintos. "Sobre câmbio, eu não me pronuncio", declarou.

No primeiro mês de 2005, as exportações somaram US$ 7,444 bilhões - cifra encorpada pelo crescimento de 46,2% nas vendas de manufaturas, considerado "surpreendente". Esse conjunto, que somou US$ 4,341 bilhões, envolveu aviões (81,8%), automóveis (5,0%), laminados planos (33,1%), autopeças (42,5%), calçados (15,2%), telefones (77,7%) e motores de veículos (79,2%), entre outros.

"O aumento das exportações de industrializados foi bem acima da nossa previsão. A base de comparação (janeiro de 2004) não era boa. Embora haja tendência de crescimento das vendas de manufaturas nos próximos meses, não devem ser repetidos porcentuais tão elevados, como 46%", disse ele.

As exportações de produtos básicos, de US$ 1,770 bilhão, seguiram a tendência sazonal do mês e só tiveram aumento de 1,7%. Mas foram especialmente afetadas pela queda nas preços internacionais de commodities como a soja. Itens de relevância na pauta exportadora do País, como o minério de ferro e o farelo de soja, tiveram queda de 15,3% e 15,2%, respectivamente.

As carnes compensaram essas perdas com expansão de 28,2% (bovina), 160% (suína), e 20,6% (frango). Os embarques de semimanufaturados chegaram a US$ 1,166 bilhão (mais 18,4%) graças à elevação das vendas de semimanufaturados de ferro e aço, ferro fundido, açúcar em bruto e apesar do recuo nas de celulose.

As importações totalizaram US$ 5,261 bilhões no mês, impulsionadas pelos bens de capital. Relacionados à expansão e modernização de parques produtivos, as importações desses itens cresceram 34,5%, para US$ 1,065 bilhão.