Título: Venezuela confirma fim da crise diplomática com a Colômbia
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 30/01/2005, Internacional, p. A22

O governo da Venezuela reconheceu estar superada a crise com a Colômbia, confirmando comunicado divulgado na sexta-feira à noite pela Casa de Nari¿o, a sede da presidência colombiana. Mas o chanceler Alí Rodríguez, ao falar sobre o assunto, não mencionou nenhum acordo e se limitou a dizer que a Venezuela considera "muito positivo" o anúncio colombiano sobre o fim da crise diplomática. "Recebemos com agrado e como um fato muito positivo o comunicado do governo da Colômbia", disse Rodríguez à TV estatal.

Não ficou claro por que ele destacou "o comunicado da Colômbia", já que Bogotá informou tratar-se de texto definido em conjunto com a Venezuela. Já o vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, disse que o bom resultado na solução do impasse deixou os EUA em má situação, no papel de "intrometidos".

A crise foi desencadeada pelo seqüestro, em Caracas, de Rodrigo Granda, membro da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia que atuava como uma espécie de chanceler do grupo. Granda foi levado para uma cidade colombiana na fronteira e, depois, encaminhado a um presídio de segurança máxima.

Após a prisão, o presidente Hugo Chávez acusou a Colômbia de ter subornado policiais e militares do país para seqüestrarem Granda, numa violação da soberania nacional, e chamou de volta o embaixador em Bogotá. Também congelou as relações comerciais.

As autoridades colombianas informaram que o presidente do país, Alvaro Uribe, se reunirá com Chávez na quinta-feira. No texto, a Colômbia não pede desculpas pelo ocorrido, mas ressalta sua disposição de "revisar os fatos". Ontem Uribe visitou regiões da fronteira e expressou alegria pelo desfecho: "É uma boa notícia para nossas pátrias."

Ele agradeceu aos países que atuaram como mediadores e mencionou especialmente o chanceler do Peru, Manuel Rodríguez. Brasil, México e Argentina também participaram das negociações. Segundo o diário colombiano El Tiempo, o líder cubano, Fidel Castro, teve participação ativa no encerramento da crise.

O Brasil foi só "um facilitador" da retomada do diálogo entre a Venezuela e a Colômbia, avaliou ontem o assessor de política externa da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que não vê na atuação brasileira nenhuma tentativa de consolidação do País como principal liderança política da América d o Sul. "O Brasil não tem preocupação nenhuma em ser liderança e essa palavra é até ruim", disse. O acordo foi anunciado inicialmente pelo Peru, apesar de o Brasil ter participado ativamente da mediação.