Título: 'Nós pegamos a casa depois de um vendaval como aquele que deu na Ásia'
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2005, Nacional, p. A4

No último dos três eventos de que participou ontem em Guarulhos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cometer uma gafe. Em discurso, disse que a situação do País ao assumir a Presidência, em 2003, era como "o vendaval que deu na Ásia". Lula se referia aos tsunamis (ondas gigantes) que atingiram vários países do sudeste asiático. A tragédia, que ocorreu no dia 26 de dezembro, deixou como saldo quase 300 mil mortos. "Nós sofremos muito em 2003, vocês acompanharam o sofrimento, porque pegamos a casa depois de um vendaval como aquele que deu na Ásia e tivemos de consertar", disse, ao discursar durante visita ao Conjunto Habitacional Jurema, no bairro dos Pimentas. Na semana passada, em discurso no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, Lula trocou o nome do presidente da Argentina, Néstor Kirchner, pelo do antecessor, Carlos Menem.

SEGUNDO TEMPO

O presidente voltou a utilizar metáfora de futebol ao afirmar que iniciou neste ano o segundo tempo de seu governo. "É como se fosse um jogo de futebol. Terminou meio tempo, nós fomos para o vestiário, que é o Natal, e agora começa o segundo tempo, muito mais promissor do que o primeiro", previu. Depois do ano "sofrido" (2004), Lula destacou que o ano passado foi marcado pelo crescimento de 5% da economia e geração de 2 milhões de empregos com carteira assinada, entre outras ações federais. Ele garantiu estar otimista em relação a este ano e a 2006. "Eu me levanto todo dia, podem acreditar, com a certeza absoluta de que 2005 será um ano extraordinário para o desenvolvimento deste país, para o crescimento econômico, para a geração de riqueza, para a geração de empregos e distribuição de renda", disse ele para uma platéia de cerca de 400 pessoas.

Falando aos que discordam do cenário traçado pelo governo, voltou ao tema futebol: "De vez em quando aparece um ou outro pessimista, porque sempre tem pessimista. Tem gente que vai ao campo, o time está ganhando de 5 a 0 e ele ainda fica com medo: 'Será que vai ganhar? Será que não vai deixar empatar?'"

Lula afirmou que não há motivo para seu governo deixar de fazer mais e melhor do que já foi feito porque existe disposição política. "Temos viajado o mundo para vender os produtos brasileiros. Acabou aquele tempo em que o Brasil se comportava como se fosse um país de Terceiro Mundo, pobrezinho, dependendo dos Estados Unidos ou da União Européia. Nós levantamos a cabeça, somos um grande país", assegurou.