Título: Alckmin e Greenhalgh negociam acordo
Autor: Christiane Samarco, Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2005, Nacional, p. A6

A 11 dias da eleição para a presidência da Câmara, o governo saiu em socorro do candidato oficial do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), montando um mutirão em busca de votos, que envolveu líderes da base aliada, ministros e até o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin. Em uma reunião com os líderes aliados que se estendeu até as 3 da madrugada de ontem, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, organizou uma operação de emergência para evitar o segundo turno da disputa. Segundo um líder da base governista, Alckmin está fechando um acordo com o Planalto para garantir o maior número de votos de tucanos a Greenhalgh em troca do apoio do PT para eleger seu candidato à presidência da Assembléia Legislativa de São Paulo, em março.

CONTAS

Os cálculos de parlamentares aliados apontam que hoje o candidato oficial do PT conta com cerca de 240 votos, número insuficiente para liquidar a disputa em primeiro turno. Para ter segurança da vitória, o comando de campanha de Greenhalgh quer garantir pelo menos 257 votos. A avaliação conjunta do Palácio do Planalto e de seus aliados no Congresso é de que Greenhalgh teria ainda menos chances de sair vitorioso em uma segunda rodada.

LIBERAÇÃO DE RECURSOS

Por isso mesmo, o mutirão envolve ministros que administram programas e convênios que podem beneficiar as bases eleitorais dos deputados. A ordem é atender a todos os pedidos atrasados de audiências e refazer os compromissos de liberação de verbas que chegaram a ser empenhados, mas foram cancelados no fim do ano, sem explicações.

As maiores queixas são contra os ministros da Integração Nacional, Ciro Gomes, do Planejamento, Nelson Machado, e da Saúde, Humberto Costa. Todos foram orientados a abrir a agenda aos deputados ontem mesmo.

Além da preocupação com o desempenho do candidato dissidente do PT, Virgílio Guimarães (MG), os governistas estão assustados com o crescimento da candidatura de Severino Cavalcanti (PP-PE). O temor geral é de que Severino vença Greenhalgh, impondo uma derrota coletiva ao Planalto e aos líderes partidários, já que nem mesmo o PP está oficialmente engajado na sua campanha.