Título: País deve combater juro alto, diz Antonio Ermírio
Autor: José Ramos, Colaborou: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2005, Economia, p. B1

O industrial Antonio Ermírio de Moraes, presidente do Conselho de Administração da Votorantim, voltou a criticar a política de juros do Banco Central e disse que o País "precisa lutar para ter juros mais baixos". "Não acho que seja destino do Brasil ter sempre esses juros elevados. Espero que um dia isso mude. Acho que é preciso lutar para termos juros menores, do contrário ficamos nas mãos daqueles privilegiados", afirmou. O empresário disse ainda que o juro no Brasil é uma "injustiça" e sua permanência nos níveis conhecidos afeta algo central para o desenvolvimento do País: o avanço industrial, fundamental, na sua avaliação, para permitir o crescimento da economia e ampliar a importância internacional do Brasil.

"Você quer começar um negócio amanhã e contratar milhares de pessoas que são formadas neste País, mas não pode. A coisa mais fácil é pegar o dinheiro e aplicar num banco, mas isso não é mais possível. Isso não faz o País crescer. Essa é uma riqueza egoísta", criticou o empresário.

Sobre o Banco Central, o empresário afirma ser uma instituição "organizada", diz não ter nada contra Henrique Meirelles, mas o considera um "banqueiro por excelência". A uma provocação - a de um dia chegar a ver um industrial no comando do Banco Central -, Antonio Ermírio responde: "É mais fácil ver uma vaca voar."

Otimista, mas aborrecido, Antonio Ermírio considera "vergonhosa" a participação do Brasil no comércio mundial. "Não me conformo com um País com estas dimensões participar apenas com 1% do comércio internacional. Não pode!", afirmou. Segundo ele, o Brasil precisa crescer industrialmente, "o mais que puder".

Mesmo com um crescimento de 8,1% no ano passado (segundo projeções do Ipea), Antonio Ermírio não considera o desempenho da indústria satisfatório. "O setor industrial cresceu em 2004, mas ainda é um crescimento pequeno em relação às possibilidades do Brasil", ponderou.