Título: Consumidor também está mais cauteloso
Autor: José Ramos, Colaborou: Paula Puliti
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2005, Economia, p. B1

A alta dos juros já se reflete na expectativa de consumo dos próximos seis meses, especialmente de bens de maior valor, como automóveis. É o que mostra a Fundação Getúlio Vargas (FGV) na Sondagem de Expectativas do Consumidor de janeiro, divulgada ontem. A pesquisa, que consultou 1.444 chefes de domicílio entre 5 e 20 de janeiro, mostra que caiu de 13,6% para 13,3% de dezembro para janeiro a parcela dos que apostavam em gastos maiores com bens de alto valor nos próximos seis meses. Ao mesmo tempo, manteve-se alto o índice dos que pretendem reduzir esses gastos: 54,2% em janeiro, ante 54,6% em dezembro. O economista da FGV Aloisio Campelo lembrou que a taxa básica de juros (Selic) vem sendo corrigida desde setembro e é expressivo o seu impacto nas compras a prazo e concessão de crédito. "As taxas de juros mais altas reduzem a vontade de comprar bens duráveis e isso afeta o otimismo (do consumidor) para os próximos meses", comentou.

O economista informou que os juros também são um dos fatores que levaram à queda na parcela de entrevistados que acreditam na melhora da situação econômica do País nos próximos seis meses: de 46,4% para 45,4%. "Em compensação, as respostas sobre a avaliação presente são as melhores desde outubro de 2002", disse Campelo, observando que 24,7% consideram o cenário econômico atual melhor que há seis meses.

Porém, nas perguntas sobre a situação atual, a Sondagem também mostra que o consumidor está menos otimista em relação à família. De dezembro para janeiro, caiu de 16,2% para 13,2% o porcentual dos que consideram a situação da família como boa no cenário atual. Já a parcela dos entrevistados que indicam melhora na situação ante seis meses atrás passou de 20,7% para 24,7%. Segundo Campelo, normalmente o entrevistado é mais preciso e cauteloso ao falar da família, por ter dados mais completos do que em relação ao País.

TRABALHO

A trajetória de queda do desemprego já está sendo sentida pelo consumidor, segundo apurou a Sondagem de janeiro, ante a de dezembro. Segundo Campelo, caiu de 48,1% para 45,4% os entrevistados que afirmam que a obtenção de emprego estará mais difícil nos próximos seis meses. Segundo a FGV, a melhora no emprego influenciou positivamente a formação de massa salarial.