Título: Montadoras reduzem pedidos
Autor: Lu Aiko Otta
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2005, Economia, p. B3

As montadoras de veículos alteraram a programação de produção para fevereiro e março, depois de terem registrado o mais fraco janeiro em vendas dos últimos cinco anos. As encomendas de autopeças para os fornecedores foram revistas e caíram entre 10% e 12%, segundo informou ontem o presidente do Sindicato Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Sindipeças), Paulo Butori. A redução das encomendas está centrada nos componentes usados na produção de veículos para o mercado interno. Para os modelos destinados à exportação não houve alteração de pedidos. "A alta dos juros, combinada com a insegurança do consumidor e o real apreciado, levou o setor a colocar o pé no freio", disse Butori.

Mesmo não sendo um período bom para o mercado automobilístico, por causa das férias e da redução de promoções, o baixo desempenho das vendas em janeiro surpreendeu montadoras e fornecedores.

Foram vendidos no mês passado 106,7 mil veículos, o menor volume para o mês desde 2000. Em relação a janeiro de 2004, a queda foi pequena, de 0,65%. Já na comparação com dezembro, um mês bastante forte para os negócios do setor, a queda foi de 40%.

O presidente da TDM Friction, Feres Macul Neto, disse que as encomendas das montadoras estão em níveis inferiores neste primeiro trimestre, mas ele lembrou que, no trimestre anterior, houve aceleração de compras. "Vejo como normal esse processo de desaceleração, mas não há qualquer sinal de recessão no mercado, ainda", afirmou. A TMD produz, com a marca Cobreq, pastilhas de freio a disco, lonas de freio, blocos e peças para freios.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulga amanhã o balanço mensal do setor, com dados de vendas, produção e exportações. O presidente da entidade, Rogelio Golfarb, também deve informar se as empresas mantêm as projeções feitas no início de dezembro para 2005.

A produção de carros foi recorde em 2004, com 2,2 milhões de unidades, e a Anfavea projeta 2,3 milhões para este ano. As vendas internas, que totalizaram 1,57 milhão de unidades, devem aumentar 4%, enquanto as exportações, esperam as empresas, vão crescer 7%, para US$ 8,9 bilhões.

"Começamos o ano otimistas, mas agora já estamos preocupados, disse Butori. "Sinto cheiro de que as coisas não estão bem", afirmou ele, um dias depois de ter-se reunido com vários executivos do setor.