Título: João Paulo vê erro político na MP do IR
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2005, Economia, p. B4

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), considerou um erro político do governo ter editado a Medida Provisória 232 tratando de dois assuntos: a correção da tabela do Imposto de Renda para Pessoa Física e, ao mesmo tempo, o aumento da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) para o setor de serviços e o recolhimento, na fonte, de Imposto de Renda para a agricultura. "Temos um problema político. O governo fez um grande gesto para a classe média, para quem paga Imposto de Renda, mas não entendo por que embutiu na mesma medida matérias que trazem um complexo debate. O governo apresentou uma proposta boa, mas deixou só a outra proposta aparecer", disse João Paulo, que se encontrou com o ministro Antonio Palocci.

João Paulo sugeriu que a compensação de eventuais perdas com a correção da tabela do IR fosse feita em outro momento,"porque quando se colocam duas medidas juntas, as pessoas não reconhecem a parte boa da matéria". Ele acredita que toda essa discussão sobre a MP 232 provocará um debate forte no início de março. "Estou empenhado em buscar uma saída para que a Receita seja preservada, mas ao mesmo tempo garanta como ponto crucial dessa medida a correção da tabela do IR", afirmou. As críticas do deputado foram feitas em entrevista à Rádio Jovem Pan.

MANIFESTAÇÕES

A central Força Sindical anunciou ontem a adesão à Frente Brasileira Contra a MP 232, que conta com cerca de 100 entidades. O anúncio foi feito pelo presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, durante encontro com o presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Para Afif, a MP teve o efeito de um"tsunami tributário".

O presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e Assessoramento, Antonio Marangon, disse que os prestadores de serviço têm duas opções: "Uma ruim, que é pagar pelo o lucro presumido sobretaxado, e outra, pior, que é pelo lucro real".

Dia 15, a Frente vai promover manifestação no Clube Espéria, em São Paulo, e no dia 17 deverá distribuir uma cartilha e um manifesto de repúdio à MP na Câmara e no Senado, em Brasília. "No fim de 2004 houve um grande movimento em favor da correção da tabela do IR, mas em nenhum momento se falou de aumento de imposto", disse Paulo Pereira da Silva."Medida para taxar o sistema bancário o governo não anuncia", reclamou.