Título: Confiante, Fed aumenta juros para 2,5%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2005, Economia, p. B6

Mostrando confiança que a economia dos Estados Unidos vai continuar crescendo com a inflação sob controle, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) aumentou ontem as taxas básicas de juros em 0,25 ponto porcentual, a sexta vez desde junho, e garantiu que as próximas altas vão continuar a um ritmo moderado. Com esse aumento, a taxa foi para 2,5% ao ano. Em junho de 2004, antes da reviravolta na política monetária, o juro básico estava em 1%, o menor nível em 46 anos. "O Fed está tirando o pé do acelerador sem pô-lo no freio", comparou Richard DeKaser, presidente de um conselho de economistas ligados à Associação Americana de Banqueiros. Os investidores já tinham precificado o aumento de ontem, bem como o da próxima reunião do Fed em 22 de março, por isso a alta praticamente não mexeu com os mercados.

A grande dúvida é saber para onde vão os juros a partir de abril. Para ter indícios das futuras medidas que o banco central planeja adotar, os analistas esperavam com especial atenção o comunicado divulgado após a reunião.

A declaração é praticamente idêntica à divulgada em dezembro, o que já é um sinal de que não há um maior alerta sobre o risco de inflação. No comunicado, o Fed reiterou que o nível atual das taxas de juros continua estimulando a economia.

No entanto, as expectativas de inflação seguem "bem contidas" e o aumento da produtividade é "forte", o que reduz a pressão inflacionária ao permitir aumentos de salário sem as conseqüentes altas dos preços dos produtos.

O Fed afirmou que a produção segue crescendo a "um ritmo moderado, apesar do aumento dos preços da energia", e que as condições do mercado de trabalho "continuam melhorando de forma gradual".

Segundo o presidente da DMJ Advisors, David Jones, "o que o Fed disse em poucas palavras é que a economia está exatamente no lugar no qual ele queria que estivesse".

Nos últimos meses, aumentaram os temores de que o Fed esteja relaxando e deixando que a inflação suba a níveis perigosos.

As atas da reunião de dezembro parecem revelar que alguns dos membros do Comitê do Mercado Aberto (Fomc, pelas iniciais em inglês) compartilham este medo, o que não passou inadvertido aos mercados. Por isso, qualquer indicação no texto que o banco central americano estivesse mais preocupado com a inflação teria sido interpretada como um sinal de que os aumentos futuros das taxas poderiam ser mais drásticos.

Agora, todos terão de esperar até o comparecimento semestral do presidente do Fed, Alan Greenspan, ante o Congresso, que acontece nos dias 16 e 17 de fevereiro, para deduzir suas opiniões sobre a inflação.

A declaração renovada do Fed de aumentar a taxa de referência a um ritmo moderado é interpretada por alguns analistas como uma promessa de aumentos de 0,25 ponto nas próximas reuniões. Se confirmada a medida durante todo o ano, o índice ficaria em 4,25% em dezembro.

Entretanto outros especialistas prevêem que a Autoridade Monetária fará uma pausa no meio do ano para analisar o efeito das altas dos juros na inflação e no crescimento.

Tudo dependerá do comportamento da economia nos próximos meses. Se ela se desenvolver a um nível anual de 3,5% ou 4%, como esperam alguns analistas, e os preços do petróleo mostrarem moderação, diminuirá a pressão sobre o Fed para pisar no freio e evitar um aquecimento excessivo da atividade econômica.