Título: Fórum Social estoura orçamento e pede ajuda
Autor: Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2005, Nacional, p. A4

O Fórum Social Mundial deste ano custou R$ 16,5 milhões e não R$ 14 milhões, conforme previa o orçamento dos organizadores. A informação foi divulgada ontem pelo coordenador-executivo do evento, Jeferson Miola. Ele explicou que o déficit surgiu porque a demanda pela infra-estrutura e pelos serviços - como os de transmissão de dados, telefonia e energia elétrica - superou a previsão. Para cobrir a dívida de R$ 2,5 milhões, a Associação Brasileira de ONGs (Abong) e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), responsáveis pela captação de recursos para o evento, pedirão mais ajuda às organizações de cooperação internacional (dos EUA, Holanda, Canadá, Inglaterra, França, Itália e Alemanha) que tradicionalmente financiam parte das despesas do Fórum. Ao mesmo tempo, Miola negociará prazos com os fornecedores de equipamentos e serviços.

NÚMEROS

Os números apresentados pela organização do Fórum Social Mundial foram contestados nesta semana pelo secretário municipal da Indústria e Comércio de Porto Alegre, Idenir Cecchin. Ele pediu a auxiliares que contassem o número de barracas montadas no acampamento da juventude e chegou ao número surpreendentemente baixo de 2.180. "Se cada barraca abrigasse quatro pessoas, teríamos um público próximo de 13 mil acampados", calcula Cecchin. Os cálculos dos organizadores indicavam 35 mil pessoas. Um dos coordenadores do acampamento, Viliano Fassini, manteve os dados oficiais informando que houve 31.012 inscritos e que seguramente outras 4 mil pessoas estiveram no local sem se registrar.

A partir do cálculo no acampamento da juventude, Cecchin está consultado hotéis, restaurantes, aeroporto e locadoras de automóveis para verificar se o movimento econômico de US$ 60 milhões, divulgado pelos organizadores, está correto. Ele duvida que a cidade tenha recebido 155 mil pessoas que tenham gastado média de US$ 65 por dia, em seis dias, o necessário para fechar o cálculo dos organizadores. "Além disso, boa parte dos participantes do Fórum mora na cidade", ressalta.

Miola diz que a desconfiança do secretário contraria as evidências. "Sugiro que ele consulte os setores", rebate, citando o banco de dados com 130 mil cadastros de inscrições, 7 mil jornalistas credenciados e 31 mil inscritos no acampamento da juventude.

Os números oficiais do Fórum apresentados por Miola indicam ainda a criação de 2,5 mil postos de trabalho temporário para participantes de empreendimentos solidários, de 1,7 mil nas obras civis e de 400 na desmontagem, que começou na terça-feira e deve se prolongar por pelo menos dez dias.