Título: PT admite troca-troca para barrar PMDB
Autor: Cida FontesEugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2005, Nacional, p. A6

O PT se prepara para formar bloco com outro partido e segurar o crescimento do PMDB na Câmara. Em menos de 24 horas, a bancada peemedebista saltou de 77 para 85 deputados, pondo em risco o status do PT de maior partido da Casa, com 90 deputados. A decisão de não permitir que o PMDB assuma a dianteira foi tomada pela cúpula petista, que garante ter entre 5 a 8 de deputados dispostos a entrar no partido, caso haja necessidade. A luz vermelha acendeu no PT diante das especulações de que o ex-governador Anthony Garotinho teria engatilhadas mais quatro filiações ao PMDB. Anteontem, sete deputados entraram no partido pelas mãos de Garotinho, que quer controlar a bancada, hoje nas mãos dos deputados fiéis ao Planalto. "Se houver necessidade grave, o PT vai buscar aliados", resumiu o líder do PT, Arlindo Chinaglia (SP). "Se continuar nesse ritmo talvez seja possível o PMDB nos ultrapassar. É evidente que estamos acompanhando a movimentação e sempre há a possibilidade de formar bloco." A idéia do PT é formar um bloco de emergência, de preferência com o PC do B, que tem 9 deputados. "Ninguém nos procurou até agora. Nossa idéia é consolidar o bloco com PSB, PDT, PV e PPS, que negociamos há quase um ano", disse o líder do PC do B, Renildo Calheiros (PE). Segundo ele, o bloco deve ser formalizado dia 14. Ficará como a terceira maior força da Câmara, com 70 deputados. O crescimento do PMDB e os blocos não interferem na composição da Mesa da Câmara que será eleita dia 14. Os cargos de cada partido na Mesa foram decididos com base no tamanho da bancada em 15 de dezembro de 2004. Assim, o PT, como maior partido, ficou com a presidência e o PMDB, que tem a segunda bancada, indicará o primeiro-secretário. No entanto, o número tem reflexo na escolha dos presidentes das comissões permanentes, pois a preferência para indicação depende do tamanho de cada partido no dia 14. DISSIDENTE Ainda não formalmente filiado ao PMDB, mas já desligado do PFL, o deputado Inocêncio Oliveira declarou ontem, no Recife, que seu voto para a presidência da Câmara será para o candidato avulso do PT, Virgílio Guimarães (MG). Inocêncio admitiu que poderá ser, ele mesmo, candidato avulso à primeira-secretaria da Casa pelo PMDB, embora tenha negado que esse tenha sido o motivo de sua mudança de legenda. E também confirmou a pré-candidatura ao governo de Pernambuco em 2006. Inocêncio se encontrou com Guimarães durante visita de cortesia do petista ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). O ex-pefelista garantiu que, no PMDB, será "um soldado" de Jarbas, engrossando a ala que mantém posição de independência em relação ao governo federal.