Título: Tucano rebate críticas sobre a Febem: 'São palavras ao vento'
Autor: Elizabeth Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2005, Nacional, p. A7

Geraldo Alckmin acusou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer muito discurso e ter baixa eficiência em sua administração. A declaração foi uma resposta às críticas feitas anteontem por Lula à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e à atual situação da Febem, sob administração de Alckmin. "É fácil falar, são palavras ao vento que não constroem", emendou o governador, destacando que espera que as declarações de Lula em São Paulo não sejam um palanque para 2006. Na defesa que fez de Fernando Henrique, cuja gestão o presidente classificou de "vendaval asiático", Alckmin destacou que Lula esqueceu de citar um aspecto muito importante. "Ele encontrou um outro País (para governar), que tem políticas monetária, fiscal e cambial. Por isso, é muito discurso com baixa eficiência." Sobre as críticas à Febem, Alckmin disse que, às vezes, as pessoas falam como se não tivessem responsabilidade, mas sim como comentaristas. E cutucou: "Governo não é comentarista. Governo deve trabalhar para melhorar as coisas. E o que o presidente Lula está fazendo para melhorar a situação da Febem e do jovem infrator?" Segundo o Alckmin, o governo Lula cortou os recursos para a Febem. "O dinheiro que o governo do presidente FHC mandava periodicamente para ajudar a instituição simplesmente foi cortado. Portanto, é fácil falar." TRABALHO ÁRDUO Alckmin disse ainda que não é correto depreciar um trabalho que não é fácil de resolver. E lembrou que o falecido governador Mário Covas (PSDB) afirmava que o Estado (Febem) tinha a responsabilidade de cuidar de jovens infratores, quando muitos já haviam falhado (sociedade, pais e escolas). Apesar de considerar este trabalho difícil, Alckmin disse que seu governo vem obtendo resultados positivos neste setor, com a redução dos itens de reincidência de crimes por ex-internos. "E isso sem nenhuma ajuda do governo federal, que deveria falar menos e ajudar mais", disse. Para exemplificar as críticas, a assessoria do governador divulgou no início da tarde os seguintes dados referentes à transferência de recursos do governo federal para a Febem: na gestão FHC, a instituição recebeu, de 1997 a 2002, R$ 3,7 milhões. Na gestão Lula, em 2003, a Febem recebeu R$ 1,8 milhão. Porém, é destacado que "os valores foram previstos pelo ex-presidente FHC na lei orçamentária de 2002/2003". Em 2004, a previsão foi de R$ 228 mil e, no orçamento da União deste ano, a assessoria de Alckmin informou que não foi previsto um centavo sequer para a Febem.