Título: Depois de lesões, corredores aprendem a se prevenir
Autor: Simone Iwasso
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2005, Vida &, p. A12

EXPERIÊNCIA: Mesmo praticando corrida em um grupo, sob orientação de um treinador, a especialista em software Mônica Conti Veselic teve quatro fraturas na tíbia causadas por stress. Sentia dor em uma semana, na outra passava, depois a dor voltava, até que um dia, um ano depois de começar a correr, não conseguiu mais colocar o pé no chão. Procurou um médico e teve o diagnóstico: excesso de exercício. "No grupo, o treinador colocava uma meta igual para todo mundo e eu fazia, entrava na emoção, me empolgava. A gente acaba viciado no esporte." Mônica seguiu as duas recomendações básicas para quem começa a correr: iniciou com um treino leve e manteve uma alimentação equilibrada. O erro ocorreu depois, quando quis seguir o mesmo ritmo imposto ao grupo, uma quantidade de treino que estava acima de sua capacidade física. "Eu estava em busca de saúde e descobri que estava doente. Aí você vê que isso não é saudável." Depois do tratamento e da recuperação, Mônica voltou à corrida, mas incorporou algumas modificações. Os cerca de 60 km que corria semanalmente foram reduzidos para 30 km. Entre uma corrida e outra acrescentou exercícios anaeróbicos e descobriu a piscina, para reduzir o impacto dos treinos. "O médico disse que pela minha estrutura óssea eu não poderia correr o tanto que estava correndo. Agora consegui equilibrar os exercícios e aprendi que cada organismo reage de maneira diferente. Não existe uma receita de bolo que valha para todo mundo." É a mesma percepção do empresário Ely Behar, de 31 anos, que aprendeu na prática a importância do cuidado com o exercício. A transformação de um sedentário em um maratonista amador, em cerca de um ano, causou ao empresário uma lesão grave no joelho - um desgaste na ossatura provocada pelo esforço intenso. De caminhadas semanais no parque, Behar começou a correr, primeiro sozinho e depois em um grupo de corrida. Em seis meses, estava participando de maratonas. "No começo sentia dores, mas não levava muito a sério. Achava que era normal sentir um pouco de dor e cansaço", conta. Por não cuidar corretamente das pequenas lesões que foi adquirindo, teve um problema sério no joelho direito. Foi obrigado a diminuir a intensidade, fazer fisioterapia e dar uma pausa na corrida. Recuperado, aprendeu a se prevenir do problema. As sete horas semanais de exercício foram distribuídas entre corrida, sessões de musculação e bicicleta, para não sobrecarregar tanto o joelho. "Antes treinava com dor. Hoje isso não acontece mais."