Título: Renan corta R$ 30 milhões nos gastos do Senado
Autor: Rosa Costa
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2005, NACIONAL, p. A4

Um dia após o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE) ter aumentado a verba mensal de gabinete dos deputados de R$ 35.350,00 para R$ 44.187,50, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou corte de R$ 30 milhões nos gastos da Casa. A iniciativa foi batizada de "o troco do troco". O nome vem do fato de Severino ter reagido à decisão de Renan de rejeitar, no início do mês, o aumento de salário de deputados e senadores de R$ 12,84 mil para R$ 21,5 mil dizendo: "Isso vai ter troco".

Como o aumento simultâneo dos salários das duas Casas tinha sigo sugerido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, é esperado, a qualquer momento, que ele também autorize um aumento. Renan negou a ligação entre o seu gesto de economizar dinheiro público e o de Severino de aumentá-lo. "Estamos fazendo o dever de Casa, cortando despesas que seriam efetivamente realizadas, colaborando com a transparência, fazendo o que o Brasil quer", alegou.

Segundo ele, o Senado não tem, nem pretende adotar, o sistema de verbas de gabinete. "Há um equívoco muito grande, a Casa não tem verba de gabinete, nunca teve e não terá, pelo menos enquanto eu estiver aqui", garantiu. Diante da insistência de que o novo corte de despesas seria "o troco do troco", ele reiterou: "Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Quando cortamos R$ 11 milhões no início de nossa gestão, anunciamos que seria cortado mais R$ 30 milhões e foi o que fizemos hoje (quinta-feira)", argumentou.

No Senado, embora não tenha esse nome, o gasto com gabinete termina sendo mais alto do que o da Câmara, e só com servidores comissionados são gastos em média de R$ 70 mil/mês por gabinete. Como não há nenhum tipo de impedimento na contratação de parentes, isso termina sendo feito por alguns senadores de forma disfarçada. Ou seja, o senador do Estado X emprega parentes do colega do Estado Y e vice-versa. No final das contas, os gastos desnecessários, até com parentes fantasmas, que nem sabem os caminhos que levam ao Senado, termina sobrando para o contribuinte.

De acordo com a nota técnica distribuída à imprensa, mais da metade do corte da despesa no Senado - R$ 15,5 milhões - virá da redução com impressão gráfica. Os cortes nos contratos de terceirização, de R$ 3,9 milhões, vem logo a seguir. Haverá ainda economia com telefone (R$ 2,5 milhões), correios (R$ 2,5 milhões), diárias e passagens aéreas (R$ 2,4 milhões), redução e padronização dos itens de estoque (R$ 2,6 milhões) e transporte (R$ 600mil).