Título: País ainda é vulnerável a crise externa, diz Palocci
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2005, Economia, p. B4

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, exortou os países do G-7 (os sete mais ricos do mundo) a promoverem ajustes macroeconômicos necessários para evitar a ocorrência de choques financeiros internacionais que afetem países como o Brasil. Segundo ele, a economia brasileira ainda é vulnerável e precisa de um período sem crises externas para atingir uma situação mais segura. Palocci também ressaltou a importância de avanços das negociações comerciais multilaterais da Rodada Doha para a melhora das condições socioeconômicas dos países em desenvolvimento.

Ao discursar durante um café da manhã com os ministros das Finanças do G-7, além de colegas da China, Índia e África do Sul, Palocci fez um breve relato das recentes melhoras dos indicadores da economia brasileira. "Para 2005, prevemos novamente um bom desempenho, com crescimento em torno de 4% e inflação declinando mais uma vez e equilíbrio externo", disse o ministro. "Há porém questões e problemas que nenhum país consegue tratar eficientemente de forma isolada e que requerem um grau maior de cooperação internacional e de coordenação macroeconômica do que existe atualmente."

O ministro disse ainda que o Brasil tem um grau maior de abertura financeira que a maioria dos países emergentes e apresenta "importantes vulnerabilidades". Segundo ele, essas vulnerabilidades são problemas herdados do passado, que se refletem no tamanho e na composição da dívida do País. "Isso significa que precisamos de tempo, e de tempo sem novos choques, para com os fluxos atuais ir corrigindo nosso problema de estoque", disse. "Por estas circunstâncias somos muito afetados por eventos internacionais e o que ocorre na economia dos países ricos nos afeta direta e profundamente."

Por isso, disse Palocci, o Brasil tem apoiado as análises que mostram a necessidade de "maior e mais rápida consolidação fiscal nos Estados Unidos e de ampliação das reformas estruturais que aumentem o crescimento potencial da Europa". Ele disse esperar que os países do G-7 consigam se antecipar aos mercados, "eduzindo os riscos de grandes deslocamentos internacionais"

Além disso, Palocci considera necessário que o G-7 se concentre em três pontos: maior liberalização do comércio internacional, mecanismos mais eficientes para prevenção de crises em países vulneráveis que seguem boas políticas e aumento da ajuda aos países pobres. "O G-7 precisa exercer um papel de liderança em cada uma dessas áreas."

O ministro defendeu também a ampliação do G-7 para a inclusão dos principais emergentes. "Não tenho dúvidas de que é apenas uma questão de tempo para que os países hoje convidados para este café da manhã venham, naturalmente, pela dinâmica do crescimento econômico global, a ter uma participação permanente neste grupo", disse.