Título: Brasil e FMI perto de novo acordo
Autor: João Caminoto
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2005, Economia, p. B4

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, discutiram ontem, durante o encontro do G-7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo), em Londres, um novo acordo de apoio financeiro ao Brasil. "Conversamos sobre isso (novo acordo) e no mês de março vamos tomar uma decisão conjunta, que possa ser positiva para o Brasil e o Fundo", disse Palocci a jornalistas. "O FMI está mostrando uma grande disposição para fazer aquilo que o Brasil achar necessário para o próximo período." Segundo o ministro, Rato e outras autoridades do Fundo têm dito que o "FMI não faltará às necessidades do Brasil".

Palocci, que participou de um café da manhã com os ministros de Finanças do G-7, reiterou que a decisão final de renovar ou não o programa do País com o FMI somente será anunciada pelo governo brasileiro em março. Mas o tema já vem sendo negociado por técnicos dos dois lados. Na segunda-feira e terça-feira, por exemplo, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, que acompanhou Palocci no encontro do G-7, se reunirá com técnicos do Fundo em Washington.

Fontes do Fundo afirmam que caso seja firmado um acordo, os recursos serão sacados pelo Brasil somente em caso de emergência.

"Estamos fazendo uma análise final para essa posição", disse Palocci. Segundo ele, é preciso avaliar se o País tem necessidade da manutenção do apoio do Fundo. "Quando nós fizemos o atual acordo, tínhamos uma meta de crescimento, de redução de vulnerabilidade e um objetivo de fazermos com que esse acordo fosse preventivo na prática, e conseguimos isso", disse.

"Estamos encerrando o atual acordo sem sacar um centavo dos US$ 14 bilhões que foram disponibilizados pelo Fundo", informou o ministro. Segundo ele, isso "já é uma conquista para o Brasil, uma redução de compromissos futuros do País."

Segundo Palocci, essa evolução indica que o Brasil tem condições de promover um período de aperfeiçoamento de suas políticas tendo sempre o Fundo como um parceiro importante. "O acordo é uma questão que fica hoje muito mais amena, muitos mais favorável", disse.

RECADO AO G-7

Durante o café da manhã, Palocci voltou a defender a criação, pelo FMI, de um empréstimo preventivo para reduzir a vulnerabilidade de países emergentes. "O FMI não tem um tipo de empréstimo preventivo para reduzir a ocorrência de crises na conta de capital, que é precisamente o tipo de crise que mais tem afetado os países emergentes desde a década passada", disse Palocci aos ministros.

Para Palocci, é importante ter um novo tipo de empréstimo que pudesse, juntamente com boas políticas domésticas e com um função de vigilância bilateral fortalecida, reduzir a ocorrência de crises, pondo recursos financeiros preventivos à disposição de países com políticas macroeconômicas sólidas, mas ainda vulneráveis em função de problemas de estoque.

Segundo Palocci, as atuais regras para acordos preventivos do FMI foram desenhadas para crises na conta corrente e, por isso, são inadequadas para a prevenção de problemas na conta de capital.