Título: Tesouro escondido no espaço
Autor: Dennis Overbye
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2005, Vida &, p. A8

Alguns planetas da nossa galáxia podem esconder um tesouro inesperado: uma grossa camada de diamantes escondida debaixo da superfície. Nenhum planeta de diamantes existe em nosso sistema solar, mas alguns astros que estão na órbita de outras estrelas da Via Láctea podem ter carbono suficiente para produzir uma camada da pedra preciosa, de acordo com o astrônomo da Universidade Princeton Marc Kuchner, que fez as afirmações durante uma teleconferência sobre planetas extra-solares, ontem. Esse tipo de planeta teria de se desenvolver diferentemente da Terra, de Marte e de Vênus, que são formados, basicamente, por compostos de silício e oxigênio. Os planetas de carbono provavelmente se formaram de maneira mais parecida com os meteoritos do que com a Terra, a qual se acredita que foi criada a partir de um disco de gás que estava na órbita do Sol.

Em gases com muito carbono ou pouco oxigênio, em vez de silicato (uma substância formada a partir do silício), podem surgir compostos de carbono, como carbureto e grafite, afirmou Kuchner. A substância grafite condensada poderia se transformar em diamante quando submetida a altas temperaturas em planetas de carbono, formando, potencialmente, camadas imensas de diamante dentro dos astros.

Candidatos a planetas de carbono podem ser encontrados próximo ao centro das galáxias, onde as estrelas têm mais carbono que o Sol. Na verdade, uma galáxia vai se tornando rica em carbono na medida em que vai envelhecendo, aumentando a possibilidade de, no futuro, todos os planetas de tornarem de carbono, segundo Kuchner.

MARTE

A sonda européia Mars Express, que orbita Marte há mais de um ano, vai lançar, em maio, o radar Marsis, destinado a buscar vestígios de água e a estudar o astro vermelho, segundo informou ontem a Agência Espacial Européia.

A desconexão do Marsis, prevista para abril do ano passado, foi descartada diante da possibilidade de que suas antenas pudessem danificar a sonda, mas foi finalmente autorizada agora. A agência autorizou a operação em face dos "resultados das análise que mostraram os cenários de impacto possíveis, a quantidade de energia em jogo, a natureza dos materiais e as condições físicas do espaço".

Os cientistas reconhecem que existe um "risco de impacto", mas asseguraram que a "probabilidade de dano grave" é mínima.